Conta-se que, certa vez, Luris viajava
até Volmuria para eliminar um demônio que aterrorizava os habitantes dali.
Nessa época, a cidade ainda não era o grande porto que viria a se tornar se não
fosse pela intervenção do Senhor da Luz, era apenas um pequeno posto comercial.
No caminho, Luris passou por uma
vila. Como era noite, ele já viajava a dias e via que em breve começaria a
chover, ele resolveu pedir em uma casa se poderia passar a noite. Quem atendeu
era uma mulher ranzinza com um olhar que parecia odiar a todos e até si mesma.
Ao ver aquele homem estranho a sua porta não quis ajudá-lo.
- Mas eu aceito até dormir no seu
estábulo. Só quero um teto para me proteger da chuva.
- Não tenho vaga e você
assustaria os meus animais, que precisam estar bem relaxados para o trabalho
duro de amanhã. Vá na casa da vizinha de baixo, ela talvez te aceite. – E fechou
a porta na cara do estranho, sem saber que ele era o Grande Senhor.
Luris não se chateou. Para ele
era um direito dos mortais de duvidarem das intenções daqueles que batem na sua
porta. Ele seguiu a estada mais um pouco até chegar em outra casa. Bateu na
porta e foi atendido por outra senhora:
- Se você realmente não se
importa de dormir no estábulo, eu não tenho problemas. E eu acabei de fazer
uma sopa, se quiser um pouco.
Luris aceitou grato a comida e o
lugar para dormir. Naquela noite, se abrigou no estábulo e dormiu no feno.
Acordou logo cedo, antes que todos, para seguir sua viagem. A mulher, sem saber
que seu hóspede não se encontrava mais ali, foi lhe acordar, pois precisava
retirar os animais para o trabalho no campo. Eis sua surpresa ao ver que, o
feno onde nosso senhor dormiu, havia se tornado ouro. Ela mal pode acreditar
nos seus olhos. Estava rica.
Mal fez essa descoberta, sua
vizinha chegou para fofocar e lhe contou sobre o estranho que havia passado na
sua casa tarde da noite e como ele teve a coragem de pedir um lugar para
dormir. A hospedeira do senhor Luris lhe disse que esse mesmo homem veio e que
ele devia ser o próprio Luris, pois o lugar em que ele dormiu havia virado de
ouro. A primeira não acreditaria, se ela não tivesse visto o feno por ela
mesmo.
A hospedeira então, pegou todo
esse ouro e investiu na sua fazenda. Comprou animais, aumentou suas terras e
sua plantação e começou a trabalhar que nem louca para dar conta dos seus novos
bens. Enquanto isso, a mulher que havia recusado Luris se roía de inveja e
falava mal da vizinha pelas costas. Estava indignada como ela era burra e havia
transformado todo aquele ouro em mais trabalho. Ela, se tivesse toda essa
riqueza, teria vivido uma vida de rainha.
Um mês se passou e Luris voltava
pelo mesmo caminho após ter eliminado o demônio que atazanava Volmuria. As
pessoas do local lhe ofereceram várias recompensas pelo seu feito, as quais ele
agradecidamente refutou, exceto por umas pequenas doações que ele usaria para
pagar o seu caminho de volta. E foi assim que, ele se encontrou novamente na
vila do começo de nossa história, mas, dessa vez, ele foi até uma estalajem
aonde pagou por comida e pretendia pagar por um quarto.
Estava sentado no seu canto, sem
chamar atenção, pois ninguém sabia que ele era o Senhor da Luz, quando a
primeira mulher o viu ali. Ela correu até ele, pois não queria que ele dormisse
em outro lugar a não ser na sua casa.
- Ó senhor. Você por aqui de
novo? Desculpe-me aquela noite, estava de mau humor e não fiz o bem como devia
em ajudá-lo. Já tem um lugar para ficar?
- Pagarei por um quarto aqui hoje
a noite.
- Não, eu faço questão que você
durma em casa, assim não precisará gastar um tostão com acomodações.
Ela tanto insistiu que nosso
Senhor aceitou sua oferta, mas fez questão de dormir no estábulo, embora ela
tenha lhe oferecido uma cama dentro de sua casa. Luris passou a noite ali e,
antes que qualquer outra pessoa acordasse, ele já estava de pé e seguiu viagem
de volta a Valwick.
A mulher acordou o mais cedo que
pode, mas não mais cedo que Luris, e correu para o local em que o Senhor havia
passado a noite. Ela pulou de alegria ao ver todo aquele feno transformado em
ouro, como o da sua vizinha. Com tanto ouro, ela parou de trabalhar, pois podia
comprar tudo o que precisava. Começou a comprar várias jóias e os vestidos mais
caros.
Alguns bandidos, sabendo dos
boatos das duas vizinhas que ficaram misteriosamente ricas se dirigiram até o
local para se enriquecerem. Eles invadiram a casa da primeira mulher e levaram
tudo o que ela tinha. Não deixaram nenhuma das suas riquezas recém-adquiridas
com ela e nem seu ouro. Foram então para a segunda casa e levaram o que
encontraram de riquezas, que foi pouco, pois a segunda mulher havia investido
seu ouro em animais e plantações, e esses bandidos não estavam interessados nem
em um e nem no outro.
Assim, chegou o inverno e a época
da colheita. A segunda mulher ficou rica com tanto que colheu. A primeira se
afundou em dívidas e logo perdeu tudo e foi forçado a pedir ajuda, mas como não
gostavam muito dela, sempre lhe fechavam a porta na cara. Assim, ela morreu de
frio numa das noites de inverno.
O conto é bem divertido de ler e gostei do ar de moral da história no final, que dá a impressão daqueles contos passados pelos antigos de geração a geração.
ResponderExcluirahuahuaha fim trágico da mulher ranzinza que queria a vida fácil e magicamente "resolvida".
Eu curto essas partes mais descritivas da personagem que descrevem o emocional tbm: "Quem atendeu era uma mulher ranzinza com um olhar que parecia odiar a todos e até si mesma."
Moral da história: o importante não é apenas ter a sorte, mas sim o que você faz com ela.
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