terça-feira, 2 de agosto de 2011

Baxandall - Olhar de Época

42/43 "[...] Boa parte daquilo que chamamos de 'gostos' consiste na correspondência entre as operações de análise que requer uma pintura e a capacidade analítica de observador. Dá prazer exercitarmos nossa habilidade, e sobretudo nos divertimos em usar essas mesmas capacidade que na vida diária empregamos muito seriamente."

48 "Para resumir: alguns dos instrumentos mentais através dos quais o homem organiza a sua experiência visual é variável, e boa parte desses instrumentos depende da cultura, no sentido de que eles são determinados pela sociedade, que exerce sua influência sobre a experiência individual. Entre essas variáveis existem as categorias por meio das quais o homem classifica seus estímulos visuais, o conhecimento que atingirá para integrar o resultado de sua percepção imediata, e a atitude que assumirá diante do tipo de objeto artificial que a ele se apresenta. O observador deve utilizar na fruição de uma pintura as capacidades visuais de que dispõe, e dado que, dentre essas, pouquíssimas são normalmente específicas à pintura, ele é levado a usar as capacidades que sua sociedade mais valoriza. O pintor é sensível a tudo isso e deve se apoiar na capacidade visual de seu público. Quaisquer que sejam seus talentos profissionais de especialista, ele mesmo faz parte dessa sociedade para a qual trabalha, e compartilha sua experiência e hábitos visuais."

56 "[...] Freqüentemente as melhores pinturas exprimem sua cultura não só diretamente mas também de modo complementar, pois é enquanto complemento da cultura que melhor se prestam a satisfazer as necessidades do público, que não necessita daquilo que já tem."

- Baxandall, Michael. O Olhar Renascente: Pintura e Experiência Social na Itália da Renascença, editora Paz e Terra, SP, 1991

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