sábado, 4 de outubro de 2014

re-cor-re

recorrência é uma bosta. tenho sonhado. acordo assustado sem lembrar o motivo do susto, olho para meu peito nu e vejo manchas de tinta, novo susto. acordo novamente, sonhos intercalados, puta bosta. não, não é nada parecido com aquele filme com o di caprio.

vou para o banheiro lavar o rosto. duas mãos d'água, aquele sentimento de "agora sim, o dia começa". enxugo o rosto, olho para meu peito e, puta merda, tá lá:


acordo de novo. tá foda.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

visões

após o banho, espelho embaçado, olhei minha imagem desfocada. lentamente podia reconhecer melhor os detalhes. nos meus olhos havia o reflexo de outros olhos. pisquei. pisquei. continuavam lá, um tanto opacos, mas lá. algo esboçou um sorriso na imagem do espelho. era meu rosto, era eu e ao mesmo tempo era algo mais.

ainda não decidi o que concluir disso. deixo registrado aqui como garantia.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Um lampejo de: (o) afirmar a vida como se tudo estivesse resolvido

1- "Na ocasião eu me encafuei num canto do meu quarto como uma aranha. Tu estiveste no meu cubículo e o viste... E sabes, Sônia, que os tetos baixos, e os quartos apertados oprimem a alma e a inteligência? Oh como eu odiava aquele cubículo! Mas ainda assim não queria sair dele." - Dostoiévski, Crime e castigo

2- De repente eu vi ela chegando. Claro, meu corpo estremeceu, mas agora, logo percebi, algo de novo estava instalado no meu ser. Bastou respirar, nem foi preciso que o ar enchesse muito os pulmões, olhar de novo, sorrir e acenar. Minha expressão pode se conter, minhas mãos, ainda que geladas, rapidamente pararam de tremer. Um beijo no rosto, de canto de boca, já está bom. Não mais que umas dez palavras, no total, rápidas e vazias. Nos deixamos. Ufa... vitória! Já não sou, em alguma medida, mais o mesmo.

3- Nem sempre é possível evitar ser visto como maníaco. É somente com o passar do tempo que certas coisas vão para onde se deseja que elas estejam. Algumas vezes é tarde para redimir os erros ou as impotências do passado. Agora, aquelas situações completamente desastrosas que continuam na memória, parecem de uma simplicidade inacreditável.

4-


5- No começo eu escrevia coisas engraçadas. Hoje parece que não há nada que possa justificar isso, não porque a vida tenha se tornado pior ou tenha diminuído minha capacidade para suportá-la. O que acontece é que fazer graça, algumas vezes, não passa de desespero. A ironia, às vezes, esconde a dor e a miséria de baixo do tapete a troco de risos e aplausos, ainda que, DE FATO, ninguém ganhe nada com isso. Assim se permanece sempre na superfície das coisa.

6- Em distrações inocentes como xadrez e sinuca percebi recentemente que, na minha condição, tenho uma não casual inclinação a fazer algumas vezes o que parece mais bonito, desconsiderando que esses jogos têm objetivos bastante claros. Isso não seria problema algum caso não me importasse a eventual derrota, o que, de maneira alguma é verdade: quero vencer, vencer sempre e conseguir o reconhecimento da parte de todos os possíveis adversários de que minha técnica tem, inegavelmente, peculiaridades. Perder uma partida, portanto, me deixa puto e, a não ser que eu possa encher logo um copo de cerveja e assumir a postura de que "a vida é só um jogo", acabo caindo no desconsolo e na auto-depreciação.
Isso de colocar a beleza das coisas acima do resultado prático que as atitudes no mundo devem procurar, pode ter graves consequências se for, mais que idiotice, o sintoma de uma tendência geral diante da existência. Isso porque, nesse sentido - e talvez quase sempre -, o que tem de mais bonito pra se ver é o trágico. Daí que nisso se chega a um processo incurável de auto-sabotagem cuja função é preservar o fracasso para com isso ter sempre a matéria que permita estetizar a dor - muitas vezes com ironia - constituindo, então, um masoquismo aliás muito frágil.

domingo, 4 de maio de 2014

Um lampejo de: (o) colocar-se publicamente como postura eticamente necessária

1- "Mas um homem desses não é um caso muito claro. Já que, na medida em que não forem devaneios ociosos, suas ideias são apenas realidades ainda não nascidas, naturalmente também ele tem senso de realidade; mas é um senso para a realidade possível, e chega ao seu objetivo muito mais devagar do que o senso para possibilidades reais, que a maioria das pessoas possui. Ele deseja a floresta toda, o outro quer as árvores; e floresta é algo difícil de expressar, enquanto árvores significam tantos e tantos metros cúbicos de determinada qualidade. Ou talvez se exprima isso melhor de outro modo, e o homem com senso comum de realidade se assemelha a um peixe que abocanha o anzol sem ver a linha, enquanto o homem com aquele senso de realidade, que também se pode chamar senso de possibilidade, puxa uma linha pela água e não tem ideia se existe uma isca presa nela. Uma extraordinária indiferença em relação à vida que morde a isca traz consigo o perigo de fazer coisas totalmente aleatórias. Um homem sem senso prático - ele não apenas parece assim, mas é assim - é inconfiável e imprevisível no trato com as pessoas. Cometerá atos que lhe significam outra coisa do que para os demais, mas tudo o deixa tranquilo desde que possa ser sintetizado numa ideia extraordinária. Além disso, ele hoje ainda está muito longe de ser consequente. É bem possível que um crime que prejudique a outros lhe pareça apenas um erro social, cuja culpa não cabe ao criminoso mas à ordem social. Mas é de duvidar que, recebendo uma bofetada, ele a considere insulto da sociedade, ou tão impessoal quanto lhe pareceria a mordida de um cão; provavelmente primeiro ele devolverá a bofetada, depois pensará que não devia ter feito isso. E por fim se lhe roubarem uma amada, ele hoje ainda não conseguirá ignorar inteiramente a realidade desse fato e consolar-se dessa perda com uma emoção nova e surpreendente. Essa evolução ainda está em curso, e para o indivíduo representa ao mesmo tempo fraqueza e força.
E como a posse de qualidades pressupõe certa alegria por serem reais, podemos entrever como uma pessoa que não tenha senso de realidade nem em relação a ela própria pode sentir-se de repente um homem sem qualidades." - Robert Musil, "O homem sem qualidades" (1930-1943)

2- Saí então, andando sozinho. De vez  em quando encontro conhecidos e daí faço tipo. O álcool no sangue em abundância fez-se a matéria para uma atitude nova, engraçada e temporária que eu, ansioso de transformações, chamei espontaneidade.
Mais tarde, contra a minha razão, comi um cachorro quente enorme cheio de puré e creme de milho. Duas salsichas, batata palha.

3- Todas as noites ela está [...] Sem graça como uma mancha cinza na parede de um escritório de contabilidade. Gosta de comidinhas e bebidinhas caras e estuda muito sem saber pra-quê. É de uma futilidade assustadora. Ela construiu, no entanto, em relação a mim perfeitamente a ficção de uma convivência. Seus gestos, suas palavras, suas considerações sobre mim e sobre os outros preenchem com imaginação a mais completa ausência de contato real.

4- Os dragões e o fogo, para minha surpresa, tem um sentido mais real do que tudo o que até aqui considerei real. Eles conduzem à enorme Ásia/às profundezas da Ásia, sobre a qual pende frágil a Europa que, apesar de sua notável fragilidade, vai contaminando tudo, à medida em que revira do avesso tudo aquilo que aí está, preferencialmente inerte sob o sol. Mas a beleza do trágico constitui uma sedução tão inescapável, que fica difícil.

sábado, 19 de abril de 2014

Abraço



 C                                                                                                                                        Ɔ
            C                                                                                                                   Ɔ
                        C                                                                                            Ɔ
                                   C                                                                    Ɔ
                                               C                                             Ɔ
                                                           C                     Ɔ
                                                                     CƆ

                                                                      O

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

c. g. jung



JUNG, Carl Gustav. Chegando ao inconsciente. In: JUNG, Carl Gustav (et al.). O homem e seus símbolos [1964]. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008, p. 128-131.

Curando a dissociação

Nosso intelecto criou um novo mundo que domina a natureza e ainda a povoou de máquinas monstruosas. Essas máquinas são tão incontestavelmente úteis que nem podemos imaginar a possibilidade de nos descartarmos delas e de escapar à subserviência a que nos obrigam. O homem não resiste às solicitações aventurosas de sua mente científica e inventiva, nem cessa de se parabenizar pelas suas esplêndidas conquistas. Ao mesmo tempo, sua genialidade revela uma misteriosa tendência a inventar coisas cada vez mais perigosas, que representam instrumentos cada vez mais eficazes de suicídio coletivo.

Em vista da crescente e súbita avalanche de nascimentos, o homem já começou a buscar meios e modos de controlar a explosão demográfica. Mas a natureza pode vir a antecipar essa tarefa, voltando contra ele as suas próprias criações. A bomba de hidrogênio, por exemplo, seria um freio seguro para o aumento de população. A despeito de nossa orgulhosa pretensão de dominar a natureza, ainda somos suas vítimas, pois não aprendemos nem a nos dominar. Atraímos o desastre de maneira lenta, mas que nos parece fatal.

Já não existem deuses cuja ajuda podemos invocar. As grandes religiões padecem de uma crescente anemia, pois as divindades prestimosas já fugiram dos bosques, dos rios, das montanhas e dos animais, e os homens-deuses desapareceram no mais profundo do nosso inconsciente. Iludimo-nos julgando que lá no inconsciente levam uma vida humilhante entre as relíquias do nosso passado. Nossas vidas são agora dominadas por uma deusa, a Razão, que é a nossa ilusão maior e mais trágica. É com a ajuda dela que acreditamos ter “conquistado a natureza”.

Essa expressão é um simples slogan, pois essa pretensa conquista nos oprime com o fenômeno natural da superpopulação e ainda acrescenta aos nossos problemas uma total incapacidade psicológica de realizarmos os acordos políticos que se fazem necessários. Continuamos a achar natural que homens briguem e lutem com o objetivo de afirmar cada um a sua superioridade sobre o outro. Como pensar, então, em “conquista da natureza”.

Como toda mudança deve, forçosamente, começar em alguma parte, será o indivíduo isoladamente que terá de tentar e experimentar levá-la adiante. Essa mudança só pode principiar, realmente, em um só indivíduo, que poderá ser qualquer um de nós. Ninguém tem o direito de ficar olhando à sua volta, à espera de que alguma outra pessoa faça aquilo que ele mesmo não está disposto a fazer.

Mas como ninguém parece saber o que fazer, talvez valha a pena que cada um de nós se pergunte se, por acaso, o seu inconsciente conhece alguma coisa que possa ser útil a todos nós. A mente consciente, decididamente, parece incapaz de nos ajudar. O homem hoje dá-se conta dolorosamente de que nem as suas grandes religiões nem as suas várias filosofias parecem capazes de lhe fornecer aquelas idéias enérgicas e dinâmicas que lhe dariam a segurança necessária para enfrentar as atuais condições do mundo.

Sei bem o que haveriam de dizer os budistas: as coisas andariam bem se as pessoas seguissem “a nobre trilha óctupla” do Dharma (lei, doutrina) e compreendessem verdadeiramente o self (ou si mesmo). Já os cristãos afirmam que, se as pessoas tivessem fé em Deus, teríamos um mundo melhor. Os racionalistas insistem que se as pessoas fossem inteligentes e ponderadas, todos os nossos problemas seriam controlados. A verdadeira dificuldade é que nenhum desses pensamentos trata de resolver os problemas pessoalmente.

Os cristãos muitas vezes perguntam por que Deus não se dirige a eles, como se acredita que fazia em tempos passados. Quando ouço esse tipo de questionamento lembro-me sempre do rabi a quem perguntaram por que ninguém mais hoje em dia vê Deus, quando no passado Ele aparecia às pessoas com tanta freqüência. Resposta do rabi: “É que hoje em dia já não mais existe gente capaz de curvar-se o bastante”.

Resposta absolutamente certa. Estamos tão fascinados e envolvidos por nossa consciência subjetiva que nos esquecemos do fato milenar de que Deus nos fala sobretudo através de sonhos e visões. O budista despreza o mundo das fantasias inconscientes considerando-as ilusões inúteis; o cristão coloca sua Igreja e sua Bíblia entre ele próprio e seu inconsciente; e o racionalista ainda nem admite que sua consciência não é o total de sua psique. Esse tipo de ignorância continua a existir apesar de o inconsciente ser, há mais de setenta anos, um conceito científico básico e indispensável a qualquer investigação psicológica séria.

Não podemos mais nos permitir uma atitude de “Deus Todo-Poderoso”, elegendo-nos juízes dos méritos ou das desvantagens dos fenômenos naturais. Não baseamos nossos conhecimentos de botânica na ultrapassada classificação de plantas úteis e inúteis, ou os de zoologia na ingênua distinção entre animais inofensivos e perigosos. Mas, complacentemente, continuamos a admitir que consciência é razão e inconsciência é contra-senso. Em qualquer outra ciência tal critério faria rir, tal a sua improcedência. Os micróbios, por exemplo, são razoáveis ou absurdos?

Seja o que for o inconsciente, sabe-se que é um fenômeno natural que produz símbolos provadamente relevantes. Não podemos esperar que alguém que nunca tenha olhado através de um microscópio seja uma autoridade em micróbios. Do mesmo modo, quem não fez um estudo sério a respeito dos símbolos naturais não pode ser considerado juiz competente do assunto. Mas a depreciação geral da alma humana é de tal extensão que nem as grandes religiões, nem as várias filosofias, nem o racionalismo científico se dispõem a um estudo mais profundo.

Apesar de a Igreja Católica admitir a ocorrência dos somnia a Deo missa (sonhos enviados por Deus), a maioria dos seus pensadores não faz um esforço sério para compreender os sonhos. Duvido que exista um tratado ou uma doutrina protestante que se rebaixe a ponto de aceitar a possibilidade de a vox Dei ser percebida em algum sonho. Mas se o teólogo acredita mesmo na existência de Deus, com que autoridade pode afirmar que Deus é incapaz de nos falar por meio dos sonhos?

Passei mais de meio século investigando os símbolos naturais e cheguei à conclusão de que tanto os sonhos quanto seus símbolos não são fenômenos inconseqüentes ou desprovidos de sentido. Ao contrário, os sonhos fornecem as mais interessantes revelações a quem quiser se dar ao trabalho de entender a sua simbologia. O resultado, é bem verdade, pouco tem a ver com os problemas cotidianos como vender ou comprar. Mas o sentido da vida não está de todo explicado pela nossa atividade econômica, nem os anseios mais íntimos do coração humano são atendidos por uma conta bancária.

Nesse período da história humana, em que toda a energia disponível é dedicada ao estudo e à investigação da natureza, dedica-se pouquíssima atenção à essência do homem – a sua psique – enquanto multiplicam-se as pesquisas sobre as suas funções conscientes. No entanto, as regiões verdadeiramente complexas e desconhecidas da mente, onde são produzidos os símbolos, ainda continuam virtualmente inexploradas. E é incrível que, apesar de recebermos quase todas as noites sinais enviados por essas regiões, pareça tão tedioso decifrá-los, e que poucas pessoas se tenham preocupado com o assunto. O mais importante instrumento do homem, a sua psique, recebe pouca atenção e é muitas vezes tratado com desconfiança e desprezo. “É apenas psicológico” é uma expressão que significa, habitualmente: “Não é nada”.

De onde exatamente virá esse imenso preconceito? Estivemos sempre tão manifestamente ocupados com o que pensamos que nos esquecemos por completo de indagar o que pensará a nosso respeito a psique inconsciente. As idéias de Sigmund Freud vieram acentuar, em muitas pessoas, o desdém existente com relação à psique. Antes dele rejeitava-se e ignorava-se sua existência; agora, a psique tornou-se uma espécie de depósito onde se despeja tudo o que a moral refuta.

Esse ponto de vista moderno é, certamente, unilateral e injusto. Nosso conhecimento atual do inconsciente revela que ele é um fenômeno natural e, tal como a própria natureza, pelo menos neutro. Nele encontramos todos os aspectos da natureza humana – a luz e a sombra, o belo e o feio, o bom e o mau, a profundidade e a tolice. O estudo do simbolismo individual e do coletivo é tarefa gigantesca e que ainda não foi vencida. Mas ao menos já existe um trabalho inicial. Os primeiros resultados são encorajadores e parecem oferecer resposta às muitas perguntas – até então sem nenhuma réplica – que se faz à humanidade de hoje.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Ainda o possíoveçl

1- Novamente não há ninguám em casa. como é feito o caminhi? Nãom há também nem ningueém na rua. Pra onde isso vai? Isso é muiroto mais silencioso do quie se pode ver.
Trata-se, comntudo de uma condiçaõe inevitpsavel.;Transcende o indivíduo certhjtamente.
A boca fica  seca e amnahão serádiferente. Poderia ser igual? Que fazer?

2- É preciso ser mais hinesto

3- Eles vão me entranbdoi aqui tosdos os dias poelas manhã. Eu os mato a tosdos com veneno porimeiro e depois ciomo o chinelo. quando eles se caem mortods pelo chçao m eu os recolho pelas asinhas e jogo - foda-se - pelas janeçala. O quintãol fica cheio sde marimbondos mortos.

4- A inveja, ao contrártio do que se poensa, é um sentimento nobre.

5- E se eu pudesse ser mais hinesto? O que [e que serisa enytão seria então? Acho difícil. /Muitas atitudes estçao ja incorporfadas no sentido literal. A cada agressão que o mundo insiste em colocar reotidamente, o corpo rtesponde de modo a oreservar-se , de certa forma. Esytá tudo ceto: o sorriso cordial, a conversa besta; qualquer coisa que o miundo moivido a bug brother instintivom  entende como simpolesmenmtte falsidade.

6-

7- O dia inteiro eu paseie que nçao podia deixar de dormir: é ´reciso entener que a ideia de recuperrar o tempo perdido é kininteoirramente impcil. A própria ideia de viver a vda é inteiramente oimbecil. Ou seja...