quarta-feira, 23 de maio de 2012

[um texto antigo q achei por aí sem terminar. achei injusto terminá-lo]

acho que me encontrei. ou talvez tenha me perdido em novos caminhos. por onde começar? talvez eu tenha esperado tempo demais e o minuto seguinte não passará tão lentamente. pela primeira vez, no entanto, me liberto novamente. foi assim que percebi que eu nunca morreria. ou morrerei, para tratar dos tempos verbais. quando você pensa em si como centro da sua vida, você percebe que ela não tem fim. você é o ator da sua morte. digo tudo isso, assim, sem sentido, porque espero encontrar eco. digo tudo isso, assim, porque foi aquela noite, e só aquela: a lua, a luz incerta da vela, o ar deliciosamente gelado que conservava o sorvete de minha taça em sua mais imperfeita e irregular forma; conservava também aquela gota de suor em minha fronte, como que medrosa de descer pela minha face, recém barbeada porém áspera e irritada. quando aquela goticula chegasse à toalha da mesa eu seria lançado ao céu escuro, já sem vagalumes. até lá, eu estava submerso em ansiedade. meu estomago tinha tornado-se um triturador de lixo vazio, com suas lâminas ociosas balançando conforme o swing da música que agitou minha alma. "amor, você sabe o que me trouxe aqui?" eu não podia negar balançando minha cabeça e minha boca estava muito seca para articular qualquer palavra sem levantar uma suspeita sobre meu estado psicológico. quando tentei improvisar um "não" ao mesmo tempo que limpava a garganta e tentava varrer o suor da fronte com uma das mãos o que saiu de mim foi um som estranho que mais pareceu um gemido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário