sábado, 15 de setembro de 2012

afasia

Silêncio.
Uma passagem. Arnaldinho sorri para a rachadura na parede antes que mamãe avise jantar na mesa querido. Resquícios alegres. Aspargos, explicações desnecessárias, comentários no noticiário. Pouca coisa, insignificante na aparência, ainda assim é algo que resta. Um alento antes de dormir, amassar o travesseiro, a calçada, a sarjeta, o céu, o inferno: o sorriso de um deus estampado na lua, irônico, filho da puta, não esconde aquilo que gostaríamos de não ser. Desnecessário: nada se move; mentira, todavia, falsear satisfaz o momento.
Arnaldinho recebe a mesada: difíceis escolhas: sorvete, putaria, futebol de botão, boné, figurinhas dos cavaleiros do zodíaco. Naquele dia: conversa de homem, suco de laranja com vodca no bar do Jair. Pouco se entende, muito se imagina.

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