sexta-feira, 28 de agosto de 2015

[sem nome]

Hoje percebi que criei uma falsa memória de que um dia produzi algum bom escrito - nome quase carinhoso que costumo dar aos textos que escrevo com alguma pretensão, seja ela qual for. Na verdade, essa falsa memória é a esperança de que eu tenha escrito alguma coisa com qualidade literária. Imaginava ser uma vanguarda porque são textos curtos, que eu chamava de poesia-pílula ou conto-pílula, e de sentido meio perdido, frágil, como se nós, texto, sentido e eu, fizéssemos questão de nos deixar escapar.
Mas relendo, percebi que são, em sua maioria, uma grande bosta. Uma ou outra exceção, claro, como o texto da Sabrina e outro que não me recordo agora.
Também percebi que já faz algum tempo que não tenho ideias para escrever. É como se tivesse perdido a sensibilidade ou perspicácia para encontrar qualquer besteira, seja na experiência real dessa vidona veia, ou perdida em algum canto nas ideia. (Às vezes gosto, outras não, dessas rimas imbecis, só pela falta de graça e de fineza).
Pode ser que tenha sido por culpa das preocupações com ter meios materiais para me sustentar, ou da tensão dos ambientes escolares nos quais vivi, ou ainda da vida burocrática que tenho vivido. Talvez seja só a falta d'água, que não mais me permite o desfrute de minha terapia predileta que é o banho.
No meu desvario, desconfio que seja um problema psiquiátrico - que não vou procurar saber o que é, pelo menos não até que me ameacem o internato -, que me impossibilita a fala e a escrita claras, causado por algum tipo de verme ou parasita que desconheça e que esteja aos poucos consumindo meu cérebro. Ou ainda tenha sido os anos de consumo excessivo de álcool, ora, por que não? Talvez um curto período de falta de inspiração, que ficará conhecido didaticamente como Hiato Literário, ou algo que o valha, quando futuramente me estudarem como grande escritor que acreditei que fosse e nunca serei.

3 comentários:

  1. Um hábito, um pequeno vicio, que é abrir esse blog de vez em quando na esperança de ver algo novo. E eis que hoje leio esse texto, que resume algo parecido com o que eu sinto.

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  2. Ô Caetano, acho que por causa do blog novo do Arthur, acabei retomando esse escrito que fiz ano passado, e colocando aqui, com a quase certeza de que você leria em algum momento. =)

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  3. Porra, sinceramente, eu fico muito feliz de ver um texto novo. Claro que isso é porque eu dou um valor descabido à literatura... pra mim sempre foi a forma mais ao alcance pra enfrentar o perigo do vazio que vai sempre avançando. Bem, seu texto é em boa parte justamente sobre isso. valeu!

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