sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Diálogo interno 1 ou Primeiro Manifesto Tirânico do ITS

uma vez me disseram que eu pareço não me importar com o leitor. talvez seja verdade. mas como se importar? não peço que ele se importe comigo quando vai ler meu texto. não ofereço nada redondinho ou com sentido claro não porque não quero, mas porque não posso. se fosse minha escolha, eu seria genial. seria um escritor do caralho. viveria do ITS e isso me daria a chance de não me importar mais ainda com meu leitor. mas não posso, simplesmente não consigo. ler um texto bom me deprime. sei que nunca chegarei ao nível de esmero que invejo da pena alheia. but, hey, that's me. não penso assim o tempo todo. as vezes escrevo textos lindos, em prosa catita, e o entrego ao blog como um ourives que passou os últimos dias sem dormir só polindo aquela peça delicada e bela, tão bela que dói só de pensar. mas por algum motivo, a obra de arte postada no blog se esvai, evapora, desvanece, apaga-se, extingue-se, esmaece e desbota. tornam-se palavras tolas tolamente reunidas por um tolo. eu não me envergonho. apenas sinto falta. mas revisitar textos antigos tem se tornado um hábito. reescrevê-los também, mentalmente que seja. no fim, o que me faz escrever, e também o que dá sentido a minha escrita, é, em último grau, muito pouco: é tudo isso que vocês leem e é tudo isso que eu escrevo. [sim, não sei usar nenhuma das duas ortografias, velha ou nova, e me sinto inteligente por achar que sou superior a essas convenções da língua portuguesa, embora não seja]. assim, que fique expresso o inexpressivo ou o desexpressivo, o que não merece ser expressado e o que ninguém lembra de expressar. com ou sem sentido, com ou sem razão de escrita. com ou sem motivo de leitura. que não sejam lidos, porém nunca desprezados. que nos toquem e nos façam sentir tocados. num texto antigo, quiçá o primeiro de muitos, escrevi sobre minhas paixões: cervejas, músicas, amigos. aí não estava expressa uma paixão vital. hoje me redimo: amo escrever. o que não faz de mim um bom escritor, mas, sim, um escritor. e só. é por isso que sou um ITS.

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