quarta-feira, 28 de setembro de 2011

me disseram para parar. eu parei de rir deste pedido só depois de muito tempo. as vezes constranjo as pessoas, sabe? nunca prometi o contrário também. enfim: não parei. daí tentei explicar minha incapacidade de contar uma história realmente boa e que, por isso, eu escrevia histórias sem sentido. não se interessou muito pelo que eu estava dizendo. resolvi continuar:

sozinho, no quarto, pedro pensava no que faria no outro dia. estava cansado de roubar carteiras, bolsas, apalpar bolsos vazios ou mais furados que o dele. viu no jornal nacional uma chamada: "o Papa Maldito XVI voltará ao Brasil ainda esse ano, Fátima". decidiu que iria ser algo. decidiu ser algo. decidiu ser uma manchete no jornal. visitar o Brasil era difícil. teria que morar fora uns tempos para que sua vinda ao Brasil fosse considerada uma visita e não uma deportação. não. ele tinha que inovar. não iria seguir os passos de um papa qualquer. "já sei!", pensou, "vou subir no Copan!". no outro dia saiu de casa só com a coragem e com a roupa do corpo. desceu do ônibus no ponto em frente ao seu destino. pensou que esmurrando e ameaçando o porteiro conseguiria acesso ao telhado. conseguiu uma viatura e dois policiais brabos dando-lhe cocotes e tapas em meio a esporros. foi jogado numa cela a espera que alguém viesse lhe buscar e por algum motivo foi parar no presídio. passou lá dois anos pela morte do porteiro esmurrado. estuprado, espancado, ofendido e insultado; quebrado em seu espírito e mutilado na sua humanidade. tudo aconteceu tão rápido. rebelião. refém. decapitação. foto sorrindo no jornal.

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