segunda-feira, 12 de abril de 2010

resenha

Resenha? Uma coisa bem estruturada e com pretensões de crítica abalizada? Não. Falarei sobre música (algum álbum de alguma banda/intérprete) sem preocupar-me em categorizar, classificar ou julgar estilos. Interpreto as letras, falo o que quero sobre elas, inclusive coisas que elas não dizem. Incongruências, em suma, com o título de resenha. "Que bonito!" diria alguma tia, sem entender.

Por hoje, o álbum "Atomizer" da banda Big Black.

1. Jordan Minnesota. Pedofilia. Cidade americana de interior, bom lugar para uma moral conservadora, porém, a presença de alguns pais de família que gostavam de bolinar com filhas e filhos de outrem (ou com os próprios) antes delas(es) passarem dos dezoito anos ("stay with me, my five year old") causa um certo mal-estar. "This will stay with you until you die, and I will stay with you until you die, suck daddy, suck daddy, suck daddy". Excesso de "moralismo", ruptura da "moral": ambos, juntos, traumatizando a existência de pimpolhos.


2. Passing complexion. Homem negro casado com mulher branca. Sociedade com divisões ocasionadas pelo preconceito racial camufladas com pretensos apelos de tolerância e compreensão mútua. O homem negro sente-se constrangido em sua posição, ainda mais por frequentar os ambientes conhecidos de sua mulher, ambientes de indivíduos brancos. A mulher aceita-o, os amigos/familiares dela podem ter restrições contra ele; o marido passa a ter restrições contra sua própria condição [referência interessante: Frantz Fanon, Pele negra, máscaras brancas]. "He had what they call passing complexion, he'd been white, he'd been black".


3. Big money. Ah, a sociedade das trocas individuais e da "livre" competição. "Got a nightstick, got a gun, got time and a half, got hazard pay, just to fuck with you. We just want, we just need, we just want, we just need big money". A competição é desigual desde o início, pois, atualmente, é calcada dentro das relações de produção; a miséria impera para muitos, em vários níveis, podendo levar desde à morte por inanição até uma vida inteira trabalhando, pelo menos, oito horas por dia por um salário de fome para sustentar uma possível família. Fórmula sintética: uns mais, outros [muito] menos.


4. Kerosene. Tédio, vontade de morte e querosene. Nada melhor do que incendiar a própria casa enquanto você ainda está dentro dela. "Sit around at home, stare at the walls, stare at each other and wait till we die. [...] Kerosene around, something to do".


5. Bad Houses. Crise de consciência. Um homem-bom com um vício: frequenta prostíbulos com regularidade. Auto-afirma que não vai, mas vai. Gosta, mas não assume que gosta. Não tem impotência sexual, tem impotência sobre si mesmo. "I hate myself for my weakness. My past sickens me". Constrange-se com seu passado e não consegue agir livremente no seu presente.

6. Fists of love. Violência doméstica. Ou violência sexual. Não há muita explicitação sobre qual é a situação. Apenas mão, punho e braço e outra pessoa. Um utiliza o membro, o outro sentirá, talvez sem gostar, talvez até morrer.

7. Stinking drunk. Hmmm, alcoolismo. Após parar de beber por algum tempo, retorna-se ao ofício. Em tempo integral. Apenas álcool e nada mais. "Forgot what it's like: like fighting, like sex, like taking a bang? Think it's time... got stinking drunk". Fazer isso até o fim e apagar o mundo.


8. Bazooka Joe. Joe voltou. Um personagem de quadrinhos? Um jovem solitário? Há lugar para alguém nesse mundo? Talvez apenas na imaginação, ou na ideologia.

9. Strange Things. hey hey hey. Bom grunhir de vez em quando.

10. Cables. Sei lá. Cansei.

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