domingo, 25 de dezembro de 2011

Em busca da mediocridade perdida

1- Meus tios e todos os homens de sua geração são tão bem informados quanto são ignorantes. Estes homens valorosos que sabem todos os detalhes a respeito de todas as coisas, conhecem completamente suas causas e suas óbvias consequências...
São pais de família que nunca leram um livro na vida. Mas o que é um livro?... O problema é a relação,... :: a relação com o cinema como entretenimento, a relação com a música como alienação, a relação com as pessoas como mercadoria.; a/A relação com a morte, com relação de exterioridade - consciência separada e alienação de si mesmo.
Mas o que é um livro? Posso dizer que ninguém passa por um Kafka impunemente? Não. É possível ler Kafka como quem lê Sidney Sheldon/Terry Prachett? Talvez. A relação entre um livro e o mundo (realidade objetiva...) depende da relação que é (materialmente) possível estabelecer entre um livro e outros livros (Ver Darnton, Burke, Ginzburg).
Nesse caso o homem bem informado e bem pago se estrepa. Resta-lhe enfiar cu a dentro toda a verdade que conhece sobre Jesus, a zona do Euro e os rumos da educação brasileira. - Porque a relação entre livro e livro em relação com o mundo é uma relação de produção de dúvida. Zaratustra + Crimecastigo pode levar a Frankfurt, e assim por diante, e daí à consciência de classe e à superação das relações capitalistas de produção.
Mas a dúvida é um valor em si? Sim, porque para Descartes apenas o ato de duvidar é indubtável. ou algo assim, portanto eis a base de ser homem, ou algo assim, cogito... . : porque a dúvida é um antídoto contra a inércia que levará ao nazismo. (hihi!) :)

2- Stephen Hawking sentado [...] ao sol. Sua cabeça vai derretendo e caindo por todo o jardim, e a grama verde se cobre de miolos sanguíneos ardidos de se ver.

3- Carl Sagan mostra fotos do universo. Nebulosas brilhantes se destacando do vácuo preto-infinito como árvores de natal e luminosos de propaganda que desgraçam a cidade noturna. Carl Sagan mostra este tipo de foto porque seria monótono mostrar tipos mais representativos de foto. Isso porque mostrar fotos mais representativas significaria mostrar uma enormidade de fotos de nada. Isso porque no universo, o nada é a regra, coisas são excessão; a escuridão é predominante, a luz é raridade.

4- O óbvio é o óbvio. Certos homens bem informados também querem passar por cultos, querem se distinguir dos meros assistidores de Jornal Nacional, leitores da Folha de São Paulo. Pra isso, além do Globo News também existe o History Channel e a Super-Interessante (Há quem se considere ainda melhor que estes por serem leitores da Scientific American. Entretanto, mesma coisa é mesma coisas).

5- Um certo Philip... escreveu sobre os mongóis. As conquistas mongóis do século XIII submeteram meio mundo (literalmente) ao nomadismo. Isso incluia, além das estepes intermináveis, partes asiáticas reconecidamente civilizadas, no bom sentido: os últimos persas, os chineses, dinastias indianas e os bizantinos, tiveram partes de seus territórios tomadas por hordas de arqueiros montados em cavalos estranhos, ou, no mínimo, pagaram tributo para não se fudeh (isso inclui os russos e os japoneses).
A questão é que após a grande expansão do último neto de Gengis Khan, Kublai, as conquistas mongóis foram sendo perdidas até se reduzirem a nada. A reação dos asiáticos conquistados e a impossibilidade de tomar a Europa, botaram fim à última tentativa de fazer predominar o nomadismo sobre o sedentarismo. Foi a derrota de um modo de vida.
O óbvio: no nomadismo nossas questões seriam outras. A verdade: as coisas são o que são. (O modo de produção capitalista pressupõe a derrota dos mongóis[!!!]).

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