domingo, 25 de outubro de 2009

a.

Se esse escrito ficasse para posteridade precisaria de uma nota de rodapé, pra entender a piada. Mas deixe-me voltar ao assunto.

Não sei exatamente o que escrever. E em poucas palavras, menos. Não tenho mais grafite e as condições me impedem de ir além. Acho que não defini o que escrever.

O pensamento é hiperlinkado. A velocidade das idéias não me permite desenvolver a escrita do pensamento.

Escrever seria um exercício pra memória se pensar não fosse uma atividade tortuosa. Ou para organizar aquelas ideias sem acento. Melhor usar algumas linhas mais.


A costura da calça se desfazia, mas a elegância das longas pernas não a escapava. Os longos cabelos, os dedos compridos, que batucavam na mesa de acordo com alguma música que meus olhos não ouviam, prendiam-me a atenção, enquanto a palestrante de sotaque engraçado falava alguma bobagem. Essas últimas linhas do caderno estão acabando e acabei não escrevendo o que queria. Não era sobre a palestra, era sobre outra coisa. Um segundo antes da primeira letra, sabia tudo o que dizer.
As minhas idéias caminham apressadamente como uma multidão em uma praça de centro de alguma metrópole. percepção, tempo, cinema, capitalismo industrial, fotografia, cidade, bonde, tecnologia, disciplina de trabalho, reforma urbana, espetáculo, controle. Continuam tortas, todas.
O que enfim quero escrever?

3 comentários:

  1. Muito bom!

    Em resumo: aulas (sobretudo de matérias obrigatórias) e palestras são um saco, ainda mais se é preciso fazer anotações, e é muito melhor e mais legal blogar sobre bobeiras que nós próprios inventamos... huahauahuahuauah

    Com o risco da incorreção, resumiria este texto numa frase: "Não preciso que filosofem por mim."

    Abraços e boa semana!

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  2. Bravo, e indeciso.
    Antes ter algo com o que estar indeciso.
    Caso contrário, sobra sentar sonâmbulo sem sorte em pontos de ônibus, olhar veículos e esperar pelo bonde do fim dos tempos.

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