quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Wen c'est lauhll

"aquele que se recusar a obedecer a vontade geral a isso será constrangido por todo o corpo (político) - o que significa simplesmente que será forçado a ser livre [...]" - Jean-Jacques Rousseau

Um dia, há tanto tempo que não sei dizer quando foi, na boa e velha hora de brincar no parquinho da escola, exercíamos a boa e velha insanidade infantil: dezenas de crianças em um cubículo de areia, (do qual crianças com problemas respiratórios estavam banidas pela justa deliberação da mãe transmitida à professora por meio de uma agenda que devíamos portar) uma meia dúzia de brinquedos clássicos: escorregador, gira-gira, gangorra, etc. Dezenas de crianças, portanto, rolando e subindo, de todas as formas imagináveis e inimagináveis, por brinquedos, paredes, crianças, areia no chão e no ar.
Quando de repente, uma pedra atinge a professora incumbida de vigiar aqueles bárbaros mirins. Tanto é verdade que ela não cumpria satisfatoriamente sua tarefa policial, que nem viu de onde veio a pedra. Veja, não foi uma tentativa de assassinato. Foi uma pedra, melhor dizendo, um pedrisco destes de parquinho mesmo, que às vezes ficam inocentemente no meio da areia. Pedrisco atirado por um guri de... sei lá, 7 anos. Nada que pudesse machucar uma criança. Mas não interessa! O momento de expressarmos nossa incivilização foi imediatamente suspenso. Era hora de achar culpados.

Toda classe tem aquele carinha por quem as pessoas alimentam uma antipatia secreta. Pois bem, nesse caso não foi diferente. Alguns começaram a apontar este possível culpado que foi exemplarmente punido. Tempos depois novo incidente entre este aluno e a mesma professora veio a ocorrer e o caso da pedra foi relembrado inclusive por outros alunos. Mas sinceramente não tenho certeza sobre quem realmente cometeu o atentado e muito menos se houve premeditação ou intenção dolosa no ato.

P.S.: Não fui eu não!

Um comentário:

  1. Pena que desaprendemos muitas coisas quando "crescemos"; aprendemos outras, sim, mas só para morrermos com algum (des)contentamento.

    (Desde a infância já havia a percepção do constrangimento da vida em sociedade neste mundo moderno e burguês... que orgulho!)

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