sábado, 20 de março de 2010

Mindcrime: História Divagante e certa Discussão com a Teoria Arthuriana.

Chegou em casa. Havia acabado de comprar o CD Operation: Mindcrime da banda Queensrÿche. Nunca tinha ouvido nada deles. Mas seus amigos haviam recomendado, então devia ser bom. Miguelzito, não sabia nem teria como saber, já que não era muito do tipo intelectual. Existia algo muito mais profundo nessa acquisição: sua compra refletia um resultado de diversos investimentos feitos nele pelos seus parentes e pela sociedade através de produtos materiais e intelectuais. O resultado disso, nas suas relações, é que ele tinha limites de escolhas com quem relacionar e a mercadoria adquirida acima representava isso, pois é a procura de pessoas com o mesmo interesse. E, mais do que isso, criar os interesses em si mesmo para se tornar o que os amigos esperam. Ou seja, uma pessoa que curte Queensrÿche. Porém não é só o que os amigos esperam, pois isso implica um pouco de passividade. Como se os amigos manipulassem Miguelzito. Na realidade, também havia um projeto de pessoa que ele tentava atingir.

Mas, como dizia, Miguelzito não sabia dessas coisas. E era até bom que não soubesse, pois isso permitiu que ele fosse feliz ao colocar o CD para tocar assim que entrou no seu quarto. Tirou o encarte da caixa e deitou na cama. Só olhou as imagens, não era tão bom de inglês, e o jogou de lado enquanto desgustava a música. E, logo, um extâse subiu em sua cabeça, se sentia entorpecido pelas notas que saiam das caixas de som. Banda fantástica, perfeita! Mal conseguia acreditar no que ouvia. Precisava de mais! O CD acabou e ele novamente apertou o botão play. Precisava ouvir novamente! E pela segunda vez experimentou o prazer. Nada mais importava para ele durante o tempo do album. Os vocais... As guitarras... O baixo.. A bateria... Fantásticos! Precisava de mais!

Se interessou pela banda, iria pedir aos amigos alguns CDs emprestados, queria ouvir mais. Precisava ouvir mais. Algo havia mudado em Miguelzito ao ouvir Operation: Mindcrime. Ele se tornava alguém diferente. E não porque ouviu, mas porque ouvirá mais Queensrÿche. E aqui o tempo é importante. Pois é o futuro que está moldando nosso amigo. Mas o Futuro não existe. Assim como o Passado, que agora é apenas uma memória. Mas a existência dessa memória torna tudo diferente. Projetos e ambições. E, em projetos e ambições, está refletido o futuro, ou pelo menos o que se espera dele. Está ali, mesmo que não se esteja atento a isso. E, Miguelzito com certeza não refletia em como o album que acabará de ouvir duas vezes iria influenciar sua vida no futuro. Assim como não pensava que o Universo em que ele vivia agora era diferente do Universo em que ele viveu quando chegou em casa, e que, nesse novo Universo ele era um novo Miguelzito, com uma nova experiência de vida.

Devido a ignorância de nosso amigo, ele não pode contemplar esse momento mágico com toda sua plenitude. Ele não exibia o estado de surpresa esperado de alguém que, a cada segundo, presencia o novo. Embora ele sentisse o extâse esperado desse alguém a cada música, a cada passagem do CD, desse alguém que está diante do magnifico.

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