quarta-feira, 7 de abril de 2010

[sem nome]

um.

Fui até a cozinha, abri o congelador e peguei um sanduíche. É um daqueles que você compra no supermercado, congelado, dentro de uma embalagem que te ensina a preparar. Abre a embalagem, tira da caixinha e põe no microondas, sem tirar do plástico, claro. Potência alta, 1min 30. um e quarenta, vá. Aparelho velho, sabe como é.
Pois bem.
Ali, sentado, olhando pr'aquele sanduíche congelado dentro do plástico, rodando no microondas, pensei a que ponto chegamos. Senti vontade de morte pela segunda vez.

Quando dei por mim, ainda faltavam 14 segundos.

dois.

A cabeça doía ainda, então levantei e fui beber um pouco de água. Se foda aquele calhorda que dava aula, só falava besteira mesmo. Não era pra menos. Ele é professor das letras, e como as letras não são ciência, como a História, Ciência das ciências, só falava bobagem. Enfim, andei pelo corredor em construção e cheguei ao bebedouro. Antes de apertar o botão, vi ali na frente dois pombos se bicando. Era feroz. Furioso. Sabe lá deus o motivo, acho que era ódio sincero. Até que o primeiro deles, primeiro em mau caratismo, bicou o pescoço do segundo, que também não era lá nenhum bom cristão, abrindo um buraco enorme. Começou a sangrar muito mas, mesmo assim, o danado resistia bravamente.
Eu como tenho ódio sincero pela humanidade e pelos pombos quis que os dois morressem. Mas só depois que me matassem.

três.

Resolvi ir até a cantina comer algo, já que tinha bebido muito na noite anterior. Rotina, na verdade. Pedi uma esfirra e um café e me sentei. Lá passava na tv aquela loira cretina falando besteira com um periquito. Não que eu esperasse alguma coisa diferente, longe de mim. Disputavam o que é, o que é. "O que a pata foi fazer na itália, em milão?" perguntava a velha filha da puta. Após repetir lentamente a pergunta, como quem decifra uma grande charada, respondeu vitoriosamente o papagaio falante: "Ah, foi ver o alexandre pato jogar". "Ah droga! você ganhou lorinho!". "Mas essa era muito fácil, mãezinha!".

Vontade de morte.


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