sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Nórman

acho que o meu problema começou quando fui morar com Nórman. isso, foi aí. até porque meu vício precisa de Nórman e de seus hábitos noturnos. no começo tudo era um grande problema. eu chegava em casa cansado e tomava meu banho com todos aqueles sabonetes e loções caras que eu comprava em lojas de shoppings cheias de madames que eu olhava com desdém e ridicularizava mentalmente me sentindo muito diferente delas porque meu dinheiro era fruto de trabalho duro. ia direto para a cama e, assistindo algum filme ruim na tv, eu dormia em uma posição desconfortável e no dia seguinte a dor no pescoço só me daria mais vontade de chegar em casa e tomar meu banho de borbulhas caras antes de me deitar na cama assitindo algum filme ruim. o fato é que, quando o nórman mudou pra casa, o silêncio necessário em minha cabeça não mais existia. o som da cabeceira da cama de Nórman marcando a parede em ritmo compassado, porém inconstante, passou a me perturbar e a povoar meus sonhos com martelos que marretavam meu cotovelo e outras partes do meu corpo numa bigorna de ferro negro e brilhante que tinha seios cor de pêra assada e uma tatuagem da bandeira da paraíba negando todos meus desejos. no entanto, quando dei por mim, o metrônomo da cama e da parede marcada de nórman faziam parte do meu sono que se tornava cada vez mais e mais tranquilo com os sonhos já deliciosos e engraçados que substituiam a bigorna e a humilhação do NEGO por sereias lindas e amarradas que se debatiam no ritmo da cama ocupada de Nórman. quando Nórman morreu, sabe-se lá porque ele fez isso comigo, eu sentia tanta falta da sua atividade noturna que eu não conseguia mais dormir. maldito Nórman! devolva minhas sereias!

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