sábado, 19 de fevereiro de 2011

o passado persegue mas não mata como a ira escarlate!

as duas iam escalando a montanha pra fugir daquele motorista furioso de quem elas haviam roubado o retrovisor. no grande carro vermelho, ele roncava o motor e ficava circundando o íngreme monte na esperança de que se algumas delas caísse ele poderia passar sobre ela com seu feroz e musculoso pneu negro, espalhando suas entranhas pelo chão empoeirado e arenoso. telma e louise eram hábeis alpinistas e seguiam desbravando a furibunda montanha que interpunha cada vez mais obstáculos. quando começaram a escorregar no frio e branco gelo eterno que cobria a parte mais alta da colina, o carro ganhou vida e expeliu seu gigante motorista com um estrondo violento que fez 3 aviões despencarem do céu como folhas secas. o carro subia a toda velocidade o paredão que se inclinava a 89 graus. mas a natureza era neutra e não tomava partidos: uma incrível chuva lateral se abateu sobre a montanha rochosa, perseguindo o indomável carro vermelho que bramia seus cilindros para atingir uma velocidade impensável. quando o solo tornou-se terra, a incansável tempestade apertou o passo e assim o fez o borrão vermelho de energia no qual o carro havia se transformado: das rodas traseiras voava lama, mas as rodas dianteiras ainda levantavam poeira amarelada para o ar já impuro com o suor das belas garotas que com esforço já haviam chegado ao cume há algumas horas de onde assistiam angustiadas e encurraladas ao seu viril perseguidor em sua inacabável escalada. quando o carro estava a menos de 100 metros do topo, elas foram iluminadas por seus poderosos faróis e tiveram suas vistas ofuscadas. tiveram a inidealizável idéia de usar o retrovisor dourado para cegar a cólera assassina que lhes alcançaria em rápidos segundos. o carro perdeu seu rumo. não conseguiu parar e a montanha dolorosa foi seu último trampolim num imenso salto em direção ao sol.

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