terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Considerações sobre O Amante, de Marguerite Duras


Uma menina branca de 15 anos vivendo na Indochina francesa. O pai já está morto. Ela, a mãe e os dois irmãos mais velhos não se olham, mal se falam. A mãe sofre, percebe o crescimento dos filhos pelas fotografias, tem obsessão por fotografias e fotografa apenas os filhos, mais nada. Apenas por fotografia eles se olham, demoradamente.

Tudo está relacionado à morte, sobretudo o sexo. A menina branca descobre que subitamente envelheceu muitos anos; é em seus olhos que se pode ver esse envelhecimento. Com seu corpo ela descobriu verdades sobre a existência. Ela sabe de algo que as outras meninas do internato não sabem. Seu amante é um chinês rico, profundamente investido do sentimento de inferioridade que constitui a natureza de um nativo diante de uma mulher branca. É com esse sentimento que ele a possui, sem dizer nada. Eles quase nunca conversam. O irmão mais velho é mau. Ele é o guardião do silêncio, da impossibilidade dos olhares, das distâncias. Ele não fala e não ri, contamina com sua presença todos os que estão por perto; contamina com a morte. Ele é o preferido da mãe, o único que ela chama de filho. A morte do irmão mais novo foi este irmão mais velho quem criou, destruindo a vida, pairando como ameaça constante. Quando veio a invasão japonesa morreu o irmão mais novo que, no entanto, já estava morto. Ela temia a proximidade do corpo do irmão mais velho, tanto quanto adorava o mais novo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário