
quarta-feira, 30 de março de 2011
segunda-feira, 28 de março de 2011
sábado, 26 de março de 2011
E ele disse:
“Dos quarenta não passa. Sabe daquele ditado água mole em pedra dura tanto bate até que fura, então, é assim. Não dá para evitar. Com um mínimo de raciocínio e perspicácia eu percebo que é inevitável, afinal, sou um cara vivido e sei do que estou falando, já vi casos parecidos e acertei em cheio, por mais que na hora em que digo tais coisas a maioria das pessoas não leve a sério, feche a cara ou ignore, pensando que eu só quero ser chato ou aparecer. Nessa vida a experiência vale pra caralho e é coisa que não me falta, estive por aí no mundo, não é fácil me tapear. Olhe bem, tá na cara que não tá agüentando a pressão, totalmente sem ânimo, sem brio, esperando o golpe certeiro do destino, ou melhor, forçando a barra para tomar no rabo. Desculpe o palavrório, exalto-me nessas circunstâncias, sabe como é. Mas é isso, também não falseio o jogo, digo mesmo. A próxima rodada é na minha conta. Voltando ao fio da meada, então, escutem o que digo, momento mais momento menos e já era, assunto encerrado, e não vai ter como chorar sobre o leite derramado. É uma questão de tempo. Nesses assuntos da vida eu estou bem escolado, não preciso de um especialista engomadinho para dizer porque é assim e não assado e blablabla, percebo e pronto”.
“Dos quarenta não passa. Sabe daquele ditado água mole em pedra dura tanto bate até que fura, então, é assim. Não dá para evitar. Com um mínimo de raciocínio e perspicácia eu percebo que é inevitável, afinal, sou um cara vivido e sei do que estou falando, já vi casos parecidos e acertei em cheio, por mais que na hora em que digo tais coisas a maioria das pessoas não leve a sério, feche a cara ou ignore, pensando que eu só quero ser chato ou aparecer. Nessa vida a experiência vale pra caralho e é coisa que não me falta, estive por aí no mundo, não é fácil me tapear. Olhe bem, tá na cara que não tá agüentando a pressão, totalmente sem ânimo, sem brio, esperando o golpe certeiro do destino, ou melhor, forçando a barra para tomar no rabo. Desculpe o palavrório, exalto-me nessas circunstâncias, sabe como é. Mas é isso, também não falseio o jogo, digo mesmo. A próxima rodada é na minha conta. Voltando ao fio da meada, então, escutem o que digo, momento mais momento menos e já era, assunto encerrado, e não vai ter como chorar sobre o leite derramado. É uma questão de tempo. Nesses assuntos da vida eu estou bem escolado, não preciso de um especialista engomadinho para dizer porque é assim e não assado e blablabla, percebo e pronto”.
...
Passou dos quarenta, foi até os quarenta e oito, o juiz apitou e o Coringão perdeu mesmo, não deu jeito.
quinta-feira, 24 de março de 2011
rogéria
"se hoje teu café amanhecer gelado. se hoje tua mulher dormir do lado errado." Waldo ouvia essa música, achando irônico o fato de sua mulher ter morrido dois dias atrás com uma jarra de café na mão. saiu pra rua sem saber onde chegar e chegou ao supermercado, onde comprou macarrão e molho com sardinhas, sardinhas pré-cozidas, sardinhas cozidinhas, sardinhas salgadinhas. waldo,Waldo, para de buscar sentido em tudo, waldo. tua mulher te amava, waldo. eu sou o gênio que mora na tua cabeça, walwal. larga dessa cesta cretina de supermercado e sai pra rua de novo. observa o verde, waldo, observa o azul dos carros. o céu tá cinza, não é lindo? olha pro sorriso da moça que quer pegar na tua mão, waldo. sorriso de ouro, sorriso interesseiro. passa reto, waldo. olha o ônibus e todos que se apertam nele. olha tudo pq vc vai ficar cego, waldo. agora sente o cheiro do mendigo bêbedo, caído, desprezado, fodido, comido, sem comer. fica de pau duro, waldo. tá ouvindo? corre, waldo. corre e sente o suor escorrer que eu serei teus olhos. não é maravilhoso? esfrega a mão na terra, waldo. lambe a ponta dos dedos e sorri, chora, waldo. sinta tudo que esse bairro pode te proporcionar e vc nunca aproveitou. waldo, ouve, waldo, ouve. ouve a árvore crescendo e as formigas a cantar. corre, waldo, corre porque serei tuas pernas. volta pra casa. abre os braços. abraça o mundo. mata tua mulher. toma, waldo. seu corpo é teu de novo. mata tua mulher e enterra ela no quintal. se fode aí, waldo. certas coisas apenas acontecem.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Derivações de idiotias Complexas
1- Só escreve mal quem passa mal. Nesses dias amenos, chegou o momento de lamentar a ausência do mal. Essa sensação agradável me impede a escrita e produz a concórdia injustificável.
2- a) Não escreverei nada sobre o que faço; b) Não farei nada do que escrevo [considerações para um futuro Manifesto de um futuro Coletivo ITS.
3- O que mais me incomoda é que se os malditos europeus não tivessem chegado à América com seu maldito progresso técnico, sua maldita sintaxe/mentalidade/sistema de abstração simbólica/o caralho, amplamente complex@s, os povos bons e sábios americanos legítimos mais fortes dominariam os mais fracos indefinidamente, até que, teleologicamente, desenvolvessem armas e barcos fudidíssimos para tomar de assalto a Europa. A Europa seria, nesse caso, hoje, o lado oprimido da história e, nesse caso, intelectuais marxistas da nova esquerda boliviana escreveriam a História vista de Baixo, mostrando as lutas legítimas do povo europeu contra o imperialismo assassino americano. Melhor não pensar nisso. Dez anos na escola de História pra isso...
4- Sem filhos e sem mulher, Marquinhos virou pai de família mesmo assim. Nem notou. Não escolheu, não foi obrigado. Não lamentou e não gostou. Certas coisas apenas acontecem.
2- a) Não escreverei nada sobre o que faço; b) Não farei nada do que escrevo [considerações para um futuro Manifesto de um futuro Coletivo ITS.
3- O que mais me incomoda é que se os malditos europeus não tivessem chegado à América com seu maldito progresso técnico, sua maldita sintaxe/mentalidade/sistema de abstração simbólica/o caralho, amplamente complex@s, os povos bons e sábios americanos legítimos mais fortes dominariam os mais fracos indefinidamente, até que, teleologicamente, desenvolvessem armas e barcos fudidíssimos para tomar de assalto a Europa. A Europa seria, nesse caso, hoje, o lado oprimido da história e, nesse caso, intelectuais marxistas da nova esquerda boliviana escreveriam a História vista de Baixo, mostrando as lutas legítimas do povo europeu contra o imperialismo assassino americano. Melhor não pensar nisso. Dez anos na escola de História pra isso...
4- Sem filhos e sem mulher, Marquinhos virou pai de família mesmo assim. Nem notou. Não escolheu, não foi obrigado. Não lamentou e não gostou. Certas coisas apenas acontecem.
domingo, 20 de março de 2011
ivan illich
“O universitário foi escolarizado para desempenhar funções seletas entre os ricos do mundo”.
*
“A universidade moderna desperdiçou sua oportunidade de proporcionar um excelente local para encontros que seriam, ao mesmo tempo, autônomos e anárquicos, motivados mas não-planejados e entusiastas. Escolheu, ao invés, administrar um processo que fabrica a assim chamada pesquisa e instrução”.
*
“Não há dúvida que, atualmente, a universidade propicia uma combinação única de circunstâncias que permite a alguns de seus membros criticarem a sociedade em seu todo. Concede tempo, mobilidade, acesso à informação e a outros colegas, certa impunidade – privilégios não concedidos a outros segmentos da população. Mas a universidade concede esta liberdade apenas àqueles que já foram profundamente iniciados na sociedade de consumo e na necessidade de haver escolas públicas gratuitas obrigatórias de qualquer espécie que seja.
O sistema escolar de hoje desempenha a tríplice função, própria das poderosas igrejas no decorrer da História. É simultaneamente o repositório do mito da sociedade; a institucionalização das contradições desse mito; o lugar do rito que reproduz e envolve as disparidades entre mito e realidade”.
*
“A escola nos inicia também no Mito do Consumo Interminável. Este mito moderno se fundamenta na crença de que o processo produz, inevitavelmente, algo de valor e, por isso, a produção necessariamente cria a demanda. A escola nos ensina que a instrução produz aprendizagem. A existência de escolas produz a demanda pela escolarização. Uma vez que aprendemos a necessitar da escola, todas as nossas atividades vão assumir a forma de relações de clientes com outras instituições especializadas. Uma vez que o autodidata foi desacreditado, toda atividade não profissional será suspeita”.
*
“Quando um homem ou uma mulher aceitou a necessidade da escola, torna-se fácil presa para outras instituições. Quando os jovens permitiram que sua imaginação fosse formada pela instrução curricular, estão condicionados ao planejamento institucional de qualquer espécie. A ‘instrução’ lhes turva o horizonte da imaginação”.
*
“A escola pretende fragmentar a aprendizagem em ‘matérias’, construir dentro do aluno um currículo feito desses blocos pré-fabricados e avaliar o resultado em âmbito internacional”.
*
“Quando as pessoas têm escolarizado na cabeça que os valores podem ser produzidos e mensurados, dispõem-se a aceitar qualquer espécie de hierarquização. Há uma escala para o desenvolvimento das nações, outra para a inteligência dos bebês; até mesmo o progresso em prol da paz pode ser calculado pelo número de mortos. Num mundo escolarizado o caminho da felicidade está pavimentado com o índice de consumo”.
*
“A escola se presta efetivamente ao papel de criadora e sustentadora do mito social por causa de sua estrutura que funciona como um jogo ritual de promoções gradativas”.
*
“A escola não é apenas a nova religião do mundo. É também o mercado de trabalho de mais rápido crescimento no mundo inteiro. A engenharia dos consumidores tornou-se o principal setor de crescimento da economia. Enquanto decrescem, nos países ricos, os custos de produção, há uma crescente concentração de capital e de trabalho na grande empresa de habilitar o homem para o consumo disciplinado”.
*
“A alienação, na concepção tradicional, era conseqüência direta do fato de o trabalho ter-se convertido em trabalho assalariado, o que tirava do homem a possibilidade de criar e ser recriado. Agora, os jovens são pré-alienados pelas escolas que os isolam, enquanto pretendem ser produtores e consumidores de seus próprios conhecimentos, concebidos como mercadoria que a escola coloca no mercado. A escola faz da alienação uma preparação para a vida, separando educação da realidade e trabalho da criatividade. A escola prepara para a institucionalização alienante da vida ensinando a necessidade de ser ensinado. Aprendida esta lição, as pessoas perdem o incentivo de crescer com independência; já não encontram atrativos nos assuntos em discussão; fecham-se às surpresas da vida quando estas não são predeterminadas por definição institucional. A escola, direta ou indiretamente, emprega a maior parte da população. A escola ou retém as pessoas por toda a vida, ou assegura de que se ajustarão a alguma instituição”.
*
“A desescolarização está, pois, na raiz de qualquer movimento que vise à libertação humana”.
*
“A escola não é, de forma alguma, a única instituição moderna que tem por finalidade primordial bitolar a visão humana da realidade. O secreto currículo da vida familiar, do recrutamento militar, da assistência médica, do assim chamado profissionalismo, ou dos meios de comunicação de massa têm importante papel na manipulação institucional da cosmovisão humana, linguagem e demandas. Mas a escola escraviza mais profunda e sistematicamente, pois unicamente ela está creditada com a função primordial de formar a capacidade crítica e, paradoxalmente, tenta fazê-lo tornando a aprendizagem dos alunos – sobre si mesmos, sobre os outros e sobre a natureza – dependente de um processo pré-empacotado. A escola nos toca tão de perto que ninguém pode esperar ser dela libertado por meio de outra coisa qualquer”.
*
“Todos estamos envolvidos na escolarização, seja pelo lado da produção, seja pelo lado do consumo. Estamos supersticiosamente convencidos que uma boa aprendizagem pode e deve ser produzida em nós e que nós podemos produzi-la nos outros”.
*
“Se não questionarmos a suposição de que o conhecimento é uma mercadoria que, sob certas circunstâncias, pode ser infringida ao consumidor, a sociedade será cada vez mais dominada por sinistras pseudo-escolas e totalitários gerentes da informação. Os terapeutas pedagógicos doparão sempre mais seus alunos com a finalidade de ensiná-los melhor; os estudantes tomarão mais drogas para se aliviarem das pressões dos professores e da corrida para os diplomas. Número crescente de burocratas vai arvorar-se em professores. A linguagem do homem de escola já foi escolhida pelo publicitário. Numa sociedade escolarizada, a guerra e a repressão civil encontram uma justificativa educacional”.
*
“Mais e mais países recorrerão à tortura pedagógica para manter submissa a população. Esta tortura pedagógica não é usada para obter informações ou para satisfazer necessidades psíquicas ou sádicas. Estriba-se num terror ocasional para quebrantar a integridade de uma população inteira e fazer dela material plástico, moldável aos ensinamentos inventados por tecnocratas”.
*
“Enquanto não estivermos conscientes do rito pelo qual a escola modela o progressivo consumidor – o principal recurso da economia – não poderemos quebrar o encanto dessa economia e formar uma nova”.
*
“A universidade moderna desperdiçou sua oportunidade de proporcionar um excelente local para encontros que seriam, ao mesmo tempo, autônomos e anárquicos, motivados mas não-planejados e entusiastas. Escolheu, ao invés, administrar um processo que fabrica a assim chamada pesquisa e instrução”.
*
“Não há dúvida que, atualmente, a universidade propicia uma combinação única de circunstâncias que permite a alguns de seus membros criticarem a sociedade em seu todo. Concede tempo, mobilidade, acesso à informação e a outros colegas, certa impunidade – privilégios não concedidos a outros segmentos da população. Mas a universidade concede esta liberdade apenas àqueles que já foram profundamente iniciados na sociedade de consumo e na necessidade de haver escolas públicas gratuitas obrigatórias de qualquer espécie que seja.
O sistema escolar de hoje desempenha a tríplice função, própria das poderosas igrejas no decorrer da História. É simultaneamente o repositório do mito da sociedade; a institucionalização das contradições desse mito; o lugar do rito que reproduz e envolve as disparidades entre mito e realidade”.
*
“A escola nos inicia também no Mito do Consumo Interminável. Este mito moderno se fundamenta na crença de que o processo produz, inevitavelmente, algo de valor e, por isso, a produção necessariamente cria a demanda. A escola nos ensina que a instrução produz aprendizagem. A existência de escolas produz a demanda pela escolarização. Uma vez que aprendemos a necessitar da escola, todas as nossas atividades vão assumir a forma de relações de clientes com outras instituições especializadas. Uma vez que o autodidata foi desacreditado, toda atividade não profissional será suspeita”.
*
“Quando um homem ou uma mulher aceitou a necessidade da escola, torna-se fácil presa para outras instituições. Quando os jovens permitiram que sua imaginação fosse formada pela instrução curricular, estão condicionados ao planejamento institucional de qualquer espécie. A ‘instrução’ lhes turva o horizonte da imaginação”.
*
“A escola pretende fragmentar a aprendizagem em ‘matérias’, construir dentro do aluno um currículo feito desses blocos pré-fabricados e avaliar o resultado em âmbito internacional”.
*
“Quando as pessoas têm escolarizado na cabeça que os valores podem ser produzidos e mensurados, dispõem-se a aceitar qualquer espécie de hierarquização. Há uma escala para o desenvolvimento das nações, outra para a inteligência dos bebês; até mesmo o progresso em prol da paz pode ser calculado pelo número de mortos. Num mundo escolarizado o caminho da felicidade está pavimentado com o índice de consumo”.
*
“A escola se presta efetivamente ao papel de criadora e sustentadora do mito social por causa de sua estrutura que funciona como um jogo ritual de promoções gradativas”.
*
“A escola não é apenas a nova religião do mundo. É também o mercado de trabalho de mais rápido crescimento no mundo inteiro. A engenharia dos consumidores tornou-se o principal setor de crescimento da economia. Enquanto decrescem, nos países ricos, os custos de produção, há uma crescente concentração de capital e de trabalho na grande empresa de habilitar o homem para o consumo disciplinado”.
*
“A alienação, na concepção tradicional, era conseqüência direta do fato de o trabalho ter-se convertido em trabalho assalariado, o que tirava do homem a possibilidade de criar e ser recriado. Agora, os jovens são pré-alienados pelas escolas que os isolam, enquanto pretendem ser produtores e consumidores de seus próprios conhecimentos, concebidos como mercadoria que a escola coloca no mercado. A escola faz da alienação uma preparação para a vida, separando educação da realidade e trabalho da criatividade. A escola prepara para a institucionalização alienante da vida ensinando a necessidade de ser ensinado. Aprendida esta lição, as pessoas perdem o incentivo de crescer com independência; já não encontram atrativos nos assuntos em discussão; fecham-se às surpresas da vida quando estas não são predeterminadas por definição institucional. A escola, direta ou indiretamente, emprega a maior parte da população. A escola ou retém as pessoas por toda a vida, ou assegura de que se ajustarão a alguma instituição”.
*
“A desescolarização está, pois, na raiz de qualquer movimento que vise à libertação humana”.
*
“A escola não é, de forma alguma, a única instituição moderna que tem por finalidade primordial bitolar a visão humana da realidade. O secreto currículo da vida familiar, do recrutamento militar, da assistência médica, do assim chamado profissionalismo, ou dos meios de comunicação de massa têm importante papel na manipulação institucional da cosmovisão humana, linguagem e demandas. Mas a escola escraviza mais profunda e sistematicamente, pois unicamente ela está creditada com a função primordial de formar a capacidade crítica e, paradoxalmente, tenta fazê-lo tornando a aprendizagem dos alunos – sobre si mesmos, sobre os outros e sobre a natureza – dependente de um processo pré-empacotado. A escola nos toca tão de perto que ninguém pode esperar ser dela libertado por meio de outra coisa qualquer”.
*
“Todos estamos envolvidos na escolarização, seja pelo lado da produção, seja pelo lado do consumo. Estamos supersticiosamente convencidos que uma boa aprendizagem pode e deve ser produzida em nós e que nós podemos produzi-la nos outros”.
*
“Se não questionarmos a suposição de que o conhecimento é uma mercadoria que, sob certas circunstâncias, pode ser infringida ao consumidor, a sociedade será cada vez mais dominada por sinistras pseudo-escolas e totalitários gerentes da informação. Os terapeutas pedagógicos doparão sempre mais seus alunos com a finalidade de ensiná-los melhor; os estudantes tomarão mais drogas para se aliviarem das pressões dos professores e da corrida para os diplomas. Número crescente de burocratas vai arvorar-se em professores. A linguagem do homem de escola já foi escolhida pelo publicitário. Numa sociedade escolarizada, a guerra e a repressão civil encontram uma justificativa educacional”.
*
“Mais e mais países recorrerão à tortura pedagógica para manter submissa a população. Esta tortura pedagógica não é usada para obter informações ou para satisfazer necessidades psíquicas ou sádicas. Estriba-se num terror ocasional para quebrantar a integridade de uma população inteira e fazer dela material plástico, moldável aos ensinamentos inventados por tecnocratas”.
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“Enquanto não estivermos conscientes do rito pelo qual a escola modela o progressivo consumidor – o principal recurso da economia – não poderemos quebrar o encanto dessa economia e formar uma nova”.
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Trechos do ensaio “A ritualização do progresso”, presente no livro A sociedade sem escolas, originalmente publicado em inglês no ano de 1971.
quinta-feira, 17 de março de 2011
Abismo
Marcos chegou em casa 20h cansado. Sabia que precisava escrever um relatório para amanhã, mas o sono era mais forte que ele e deixou-se deitar por alguns momentos. Acordou em direção ao trabalho, em seu carro, quando, de repente, alguém bateu em sua traseira e, devido ao empurrão, ele bateu no cara da frente. Mas continuaram seus caminhos. Sem parar.
Quando finalmente estacionou o carro, olhou o estrago. Havia amassado demais e o desespero tomou conta de seu coração. Era a primeira vez que batia, e não gostava do resultado da sua obra. Uma obra que duraria para todo o sempre. Mas não teve tempo de degustar a sensação, pois logo um automóvel furioso parou ao seu lado. O dono saiu e começou a xingá-lo, perguntar como ele bate o carro e simplesmente foge da cena. Não sabia o que responder e o homem continuava. Simplesmente disse que era culpa do carro da frente. Isso pareceu acalmar o homem que encostou-se no carro e acendeu um cigarro. Enquanto soltava fumaças delirantes, fumaças que começavam como espirais mas viravam cavalos selvagens que logo se tornavam bailarinas a se dissolver na chuva que começava.
O homem começou a andar e deixou o carro ali no meio do estacionamento mesmo. Sem se importar. Virou para Marcos e falou:
- Vou até o show aqui do lado.
Várias pessoas caminhavam em direção a uma tenda e Marcos resolveu segui-las. Chegou lá e percebeu que, só metade da construção era uma tenda, a outra metade era um palco e observou a multidão sentada em frente a ele, todos os tecidos cobrindo o lugar eram vermelhos. E Marcos ficou ali, parado do lado do estranho que acabara de conhecer, enquanto esperavam as cortinas se abrirem. O céu estava extradiornário, a lua maravilhosa, e as estrelas fantásticas. Nunca havia presenciado tanta paz. As cortinas se abriram e ali estava ela. Bela, deitada de maneira retorcida com vestes azuis no branco do chão. E começou a se levantar, e começou a dançar. Se tão leve, tão frágil, como se seu corpo fosse feito de água. Começava a amá-la.
E logo, ela estava sorrindo para ele. E, aonde estava o estranho estava ela agora, olhando-o, com um sorriso brincalhão. Não mais as vestes da dança, mas roupas casuais. Segurou o seu braço e puxou-o. Os ventos batiam em seu cabelo, e eles quase encostavam na face de Marcos. Sentiu o cheiro da moça, o que o deixou sem energias, e logo chegou a um barzinho. Sentaram-se no balcão. Ela pediu um vinho, ele um uísque. Beberam, enquanto conversavam, riam e se amavam. Atrás deles, criaturas como que saídas de uma pintura de Bosch, deleitavam-se com o ambiente. Algumas dançavam, outras tocavam e algumas apenas conversavam enquanto apreciavam sua bebida.
Naquele momento, o bar já se encontrava praticamente vazio. Apenas a banda e alguns casais. Foi quando ela decidiu se sentar no balcão e começar a cantar. Ficou maravilhado e não podia acreditar que ela era real. Mas não deixou tais questões se formarem por completo em sua mente, apenas deleitou-se com o momento, deleitou-se com a voz dela, cada vez mais potente. Toda aquela potência atingiu o frágil vidro das lâmpadas e elas estouraram. Mas, em vez de escuridão, um jorro de luz dourada e fresca começou a sair delas, como um conto de Gabriel Gárcia Marquez. Marcos se assustou e subiu no balcão, mas ela, ela fez o contrário. Mergulhou em toda aquela luminosidade. As outras criaturas pareceram não se importar. Continuaram a fazer o que faziam antes, até serem consumidas pela luz.
Marcos já estava na mais alta prateleira de bebidas, sem saber o que fazer. Quando ela emergiu de toda aquela luz. E sorria para ele, convidando a pular também. Ele contemplou aquela visão e, entre a sanidade de se manter na prateleira e a loucura de mergulhar nos braços dela, escolheu a segunda opção.
Nadaram com prazer e sem rumo, contemplando o céu, as criaturas que nadavam com eles e as ilhas. Foi numa dessas que decidiram fazer sua parada. E permaneceram ali, parados, entre duas árvores gêmeas, cheias de flores amarelas e violetas. Se olhavam e se beijavam. E logo, estavam numa montanha. Nela, Marcos conheceu o amor puro e sincero.
Quando acordou estava sozinho. Sua amada havia desaparecido e a luz secado. No silêncio e desespero voltou para casa e sentou-se na sua cama. Olhou para suas coisas, mas nada o contentava. Precisava revê-la. Pegou um pedaço de pau e quebrou a lampada do seu quarto,mas a esperança logo se tornou desespero, quando só escuridão saiu dali. A mais completa e brutal escuridão. A escuridão do silêncio. Mas não desistiu. Foi até a cozinha, pegou uma faca e cortou seus pulsos. E esperou. Logo, toda a cozinha estava cheia de seu sangue. Mergulhou nele e nadou, até encontrar novamente aquela ilha. Mas as árvores não tinham mais flores nem folhas. Apenas galhos retorcidos. E ali, entre elas, deixou sua vida esgotar-se.
Quando finalmente estacionou o carro, olhou o estrago. Havia amassado demais e o desespero tomou conta de seu coração. Era a primeira vez que batia, e não gostava do resultado da sua obra. Uma obra que duraria para todo o sempre. Mas não teve tempo de degustar a sensação, pois logo um automóvel furioso parou ao seu lado. O dono saiu e começou a xingá-lo, perguntar como ele bate o carro e simplesmente foge da cena. Não sabia o que responder e o homem continuava. Simplesmente disse que era culpa do carro da frente. Isso pareceu acalmar o homem que encostou-se no carro e acendeu um cigarro. Enquanto soltava fumaças delirantes, fumaças que começavam como espirais mas viravam cavalos selvagens que logo se tornavam bailarinas a se dissolver na chuva que começava.
O homem começou a andar e deixou o carro ali no meio do estacionamento mesmo. Sem se importar. Virou para Marcos e falou:
- Vou até o show aqui do lado.
Várias pessoas caminhavam em direção a uma tenda e Marcos resolveu segui-las. Chegou lá e percebeu que, só metade da construção era uma tenda, a outra metade era um palco e observou a multidão sentada em frente a ele, todos os tecidos cobrindo o lugar eram vermelhos. E Marcos ficou ali, parado do lado do estranho que acabara de conhecer, enquanto esperavam as cortinas se abrirem. O céu estava extradiornário, a lua maravilhosa, e as estrelas fantásticas. Nunca havia presenciado tanta paz. As cortinas se abriram e ali estava ela. Bela, deitada de maneira retorcida com vestes azuis no branco do chão. E começou a se levantar, e começou a dançar. Se tão leve, tão frágil, como se seu corpo fosse feito de água. Começava a amá-la.
E logo, ela estava sorrindo para ele. E, aonde estava o estranho estava ela agora, olhando-o, com um sorriso brincalhão. Não mais as vestes da dança, mas roupas casuais. Segurou o seu braço e puxou-o. Os ventos batiam em seu cabelo, e eles quase encostavam na face de Marcos. Sentiu o cheiro da moça, o que o deixou sem energias, e logo chegou a um barzinho. Sentaram-se no balcão. Ela pediu um vinho, ele um uísque. Beberam, enquanto conversavam, riam e se amavam. Atrás deles, criaturas como que saídas de uma pintura de Bosch, deleitavam-se com o ambiente. Algumas dançavam, outras tocavam e algumas apenas conversavam enquanto apreciavam sua bebida.
Naquele momento, o bar já se encontrava praticamente vazio. Apenas a banda e alguns casais. Foi quando ela decidiu se sentar no balcão e começar a cantar. Ficou maravilhado e não podia acreditar que ela era real. Mas não deixou tais questões se formarem por completo em sua mente, apenas deleitou-se com o momento, deleitou-se com a voz dela, cada vez mais potente. Toda aquela potência atingiu o frágil vidro das lâmpadas e elas estouraram. Mas, em vez de escuridão, um jorro de luz dourada e fresca começou a sair delas, como um conto de Gabriel Gárcia Marquez. Marcos se assustou e subiu no balcão, mas ela, ela fez o contrário. Mergulhou em toda aquela luminosidade. As outras criaturas pareceram não se importar. Continuaram a fazer o que faziam antes, até serem consumidas pela luz.
Marcos já estava na mais alta prateleira de bebidas, sem saber o que fazer. Quando ela emergiu de toda aquela luz. E sorria para ele, convidando a pular também. Ele contemplou aquela visão e, entre a sanidade de se manter na prateleira e a loucura de mergulhar nos braços dela, escolheu a segunda opção.
Nadaram com prazer e sem rumo, contemplando o céu, as criaturas que nadavam com eles e as ilhas. Foi numa dessas que decidiram fazer sua parada. E permaneceram ali, parados, entre duas árvores gêmeas, cheias de flores amarelas e violetas. Se olhavam e se beijavam. E logo, estavam numa montanha. Nela, Marcos conheceu o amor puro e sincero.
Quando acordou estava sozinho. Sua amada havia desaparecido e a luz secado. No silêncio e desespero voltou para casa e sentou-se na sua cama. Olhou para suas coisas, mas nada o contentava. Precisava revê-la. Pegou um pedaço de pau e quebrou a lampada do seu quarto,mas a esperança logo se tornou desespero, quando só escuridão saiu dali. A mais completa e brutal escuridão. A escuridão do silêncio. Mas não desistiu. Foi até a cozinha, pegou uma faca e cortou seus pulsos. E esperou. Logo, toda a cozinha estava cheia de seu sangue. Mergulhou nele e nadou, até encontrar novamente aquela ilha. Mas as árvores não tinham mais flores nem folhas. Apenas galhos retorcidos. E ali, entre elas, deixou sua vida esgotar-se.
domingo, 13 de março de 2011
Segundo a lei dos Hititas, um homem que tivesse relações sexuais com um cavalo ou com uma mula não cometia um crime, contudo, não poderia mais aproximar-se do rei nem tentar o sacerdócio. Clara demonstração de como eram difícies as relações com a realeza e os religiosos oficiais há aproximadamente 1500 a.C., quando pudores por quadrúpedes também serviam como forma de controle social.
terça-feira, 1 de março de 2011
dinossauros?
"Quando o trabalho produtivo transforma os meios de produção em elementos constitutivos de um novo produto, ocorre uma transmigração com o valor deles"
"A polêmica monótona e estulta sobre o papel da natureza na criação do valor-de-troca, além de outros fatos, demonstra que uma parte dos economistas está iludida pelo fetichismo dominante no mundo das mercadorias ou pela aparência material que encobre as características sociais do trabalho"
"Na sociedade em que rege o modo capitalista de produção, condicionam-se reciprocamente a anarquia da divisão social do trabalho e o despotismo da divisão manufatureira do trabalho"
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
carnavalia
Pelo chão de terra batida cabeceava para um lado e para um outro uma mula atarefada em manter fortes suas já vigorosas patas e articulações. Do seu rabo pendiam farpas aparentemente muito afiadas com as quais touceiras eram flageladas como se uma brisa de lâminas as purgasse discretamente de seus pecados enraizados. A lentidão premeditada da mula era reforçada pela sua singular cara: ausência de lábios, dentes levemente amarelados expostos e cerrados, ausência de pálpebras, olhos cinzas tendendo ao branco e de uma opacidade inigualável por qualquer outro ser vivo.
jacobino chanca polixeno
O lago mudou muito nos últimos 453 anos, suas águas antes transparentes, que permitiam uma ótima visualização das pepitas de ouro e dos veios de prata em seu leito, adquiriram tons escuros e uma viscosidade semelhante a do petróleo, mas ainda assim conservaram, ou melhor, aumentaram a diversidade de sua flora e de sua fauna. Em uma margem, um pato listrado alimentava-se com pequenos diamantes para, segundos depois, defecar pó de grafite; suas listras aparentemente negras e cinzas e brancas variavam conforme ele caminhava sobre a água antes de afundar abruptamente para logo retornar a terra firme com mais uma porção de diamantes.
sopapo diuturno bruega
Ao observar o horizonte do planalto percebiam-se diversos gêiseres elevando-se às mais variadas alturas pelas planícies, águas escuras, claras, quentes, frias, muitos vapores, vez ou outra uma explosão. O artíficie de tais obras caminhava calmamente e executava com esplendor seu ofício: um tamanduá cuja língua dividia-se como uma varinha de rabdomante e aproximava-se lentamente da terra, vibrando, reagindo com o solo para que expelisse primeiro formigas e após, passados cincos minutos (mais ou menos), nascesse mais um gêiser feliz; seus pêlos mudavam de tonalidade de acordo com a quantidade de nuvens vagando pelo céu.
crack
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Tradução: Fala no filme Waking Life
- O que é frustração? Ou, o que é raiva ou amor? Quando eu digo amor, o som sai da minha boca e atinge a orelha de outras pessoas, viaja através desse conduite complexo no cérebro delas, entende, através das suas memórias de amor ou de falta de amor. E eles registram o que estou dizendo e dizem: "Sim, entendemos", mas como eu sei que eles entenderam? Porque palavras são inertes. Elas são apenas símbolos. Elas são mortas. Entende? E uma grande parte de nossa experiência é inatingivel. Uma grande parte do que percebemos não pode ser expressada. É incomunicavel.
What is "frustration"? Or what is "anger" or "love"? When I say "love" the sound comes out of my mouth and hits the other person's ear, travels thorugh this byzantine conduit in their brain, you know, through their memories of love or lack of love. And they register what I'm saying and they say: "Yes, they understand", but how do I know they understand? Because words are inert. They are just symbols. They're dead. You know? And so much of our experience is intangible. So much of what we perceive cannot be expressed. It's unspeakable.
What is "frustration"? Or what is "anger" or "love"? When I say "love" the sound comes out of my mouth and hits the other person's ear, travels thorugh this byzantine conduit in their brain, you know, through their memories of love or lack of love. And they register what I'm saying and they say: "Yes, they understand", but how do I know they understand? Because words are inert. They are just symbols. They're dead. You know? And so much of our experience is intangible. So much of what we perceive cannot be expressed. It's unspeakable.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
o passado persegue mas não mata como a ira escarlate!
as duas iam escalando a montanha pra fugir daquele motorista furioso de quem elas haviam roubado o retrovisor. no grande carro vermelho, ele roncava o motor e ficava circundando o íngreme monte na esperança de que se algumas delas caísse ele poderia passar sobre ela com seu feroz e musculoso pneu negro, espalhando suas entranhas pelo chão empoeirado e arenoso. telma e louise eram hábeis alpinistas e seguiam desbravando a furibunda montanha que interpunha cada vez mais obstáculos. quando começaram a escorregar no frio e branco gelo eterno que cobria a parte mais alta da colina, o carro ganhou vida e expeliu seu gigante motorista com um estrondo violento que fez 3 aviões despencarem do céu como folhas secas. o carro subia a toda velocidade o paredão que se inclinava a 89 graus. mas a natureza era neutra e não tomava partidos: uma incrível chuva lateral se abateu sobre a montanha rochosa, perseguindo o indomável carro vermelho que bramia seus cilindros para atingir uma velocidade impensável. quando o solo tornou-se terra, a incansável tempestade apertou o passo e assim o fez o borrão vermelho de energia no qual o carro havia se transformado: das rodas traseiras voava lama, mas as rodas dianteiras ainda levantavam poeira amarelada para o ar já impuro com o suor das belas garotas que com esforço já haviam chegado ao cume há algumas horas de onde assistiam angustiadas e encurraladas ao seu viril perseguidor em sua inacabável escalada. quando o carro estava a menos de 100 metros do topo, elas foram iluminadas por seus poderosos faróis e tiveram suas vistas ofuscadas. tiveram a inidealizável idéia de usar o retrovisor dourado para cegar a cólera assassina que lhes alcançaria em rápidos segundos. o carro perdeu seu rumo. não conseguiu parar e a montanha dolorosa foi seu último trampolim num imenso salto em direção ao sol.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
The dog is dead
[anotações encontradas em uma página de um caderno]
No final do filme o personagem principal está parado olhando a janela numa cena que remete ao começo do filme. Mas, dessa vez, ele é professor da Universidade. Conseguiu a vaga depois de subornar o reitor (com 10k dólares) que conseguiu do dinheiro de demissão da sua mulher.
- Corrupção: prejudica outras pessoas relacionadas de uma maneira ou outra ao corruptor, mas que ele não conhece.
Cena do filme: as duas garotas estão escalando a montanha e começam a usar um retrovisor de carro (que uma delas quebrou no filme) para cegar o telespectador, olhando para ele seriamente, como se soubessem de algo, um olhar penetrante.
- idéia que o passado cessa as pessoas, ofusca a vida. Que todos temos algo a esconder, somos culpados [que as pequenas corrupções são prejudiciais e podem levar a morte de alguém ou a prisão] por estarmos aonde estamos.
No final do filme o personagem principal está parado olhando a janela numa cena que remete ao começo do filme. Mas, dessa vez, ele é professor da Universidade. Conseguiu a vaga depois de subornar o reitor (com 10k dólares) que conseguiu do dinheiro de demissão da sua mulher.
- Corrupção: prejudica outras pessoas relacionadas de uma maneira ou outra ao corruptor, mas que ele não conhece.
Cena do filme: as duas garotas estão escalando a montanha e começam a usar um retrovisor de carro (que uma delas quebrou no filme) para cegar o telespectador, olhando para ele seriamente, como se soubessem de algo, um olhar penetrante.
- idéia que o passado cessa as pessoas, ofusca a vida. Que todos temos algo a esconder, somos culpados [que as pequenas corrupções são prejudiciais e podem levar a morte de alguém ou a prisão] por estarmos aonde estamos.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
resenha
Mano Negra / Pas assez de toi // Álbum: Puta's fever [1989]
A Mão Negra passa por um suposto grupo anarquista ativo em Espanha no final do séxulo XIX, suposto responsável pelo assassinato de algumas pessoas e punido com a certa morte dos acusados de compor tal associação. A Mão Negra passa por um grupo de nacionalistas sérvios no início do século XX, com ligações supostamente diretas com o assassinato de Ferdinandinho, também conhecido como Franz Ferdinand (não o grupo musical), e, consequentemente, com o deflagar da primeira guerra mundial. A Mão Negra mais uma vez ressurge como um dos primeiros projetos musicais de Manu Chao, talvez uma relação intencional com um dos precursores acima citados, certamente uma manifestação irredutível à uma mera referência.
Possivelmente a Mão Negra sobreviverá aos homens e passará adiante suas incógnitas relações com o homicídio, o desastre, a desolação, o fanatismo, a pilhéria (mesmo que de mau gosto) e, por que não?, com a liberdade de existir sem a necessidade de sujeitos. Um grande legado ao vazio, alegre em paisagens desertas, com muitas memórias insignificantes de momentos grandiosos dissipadas no bafo quente de uma tarde no litoral em que os siris não ousam abandonar seus buracos.
Possivelmente a Mão Negra sobreviverá aos homens e passará adiante suas incógnitas relações com o homicídio, o desastre, a desolação, o fanatismo, a pilhéria (mesmo que de mau gosto) e, por que não?, com a liberdade de existir sem a necessidade de sujeitos. Um grande legado ao vazio, alegre em paisagens desertas, com muitas memórias insignificantes de momentos grandiosos dissipadas no bafo quente de uma tarde no litoral em que os siris não ousam abandonar seus buracos.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Paco de Licinha e... GETÚLIO VARGAS
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