sexta-feira, 8 de abril de 2011

Filme - Paranoid Park [Gus Van Sant - 2007]


Assisti o filme Paranoid Park no final de semana passado e resolvi escrever sobre ele para organizar meu pensamento sobre o filme, porque, sinceramente, não sei se é um bom filme ou não. Fico realmente em dúvida. Mas não tentarei responder isso. O ponto é que, algumas questões passaram pela minha mente enquanto eu o assistia e escreverei sobre elas. Cabe ao leitor dizer se estou delirando ou se faz sentido.

Minha primeira questão é com a montagem do filme. A história não é contada de maneira linear, mas fragmentada. Isso me tras três problemas em mente: 1-) é necessário e contribui para dar significado a história contada?; 2-) é simplesmente um gosto estético do diretor?; 3-) é uma maneira de tentar mais filosófico algo que talvez não tenha nada de interessante?. Bom, para esse post, eu parto da hipótese que é algo necessário e significativo, q que me leva a um problema de memória, porque, querendo ou não, ela também não é linear. A memória atua de maneira fragmentada, vários estilhaços de momentos perdidos no espaço e no tempo, que surgem de maneira desconexa na mente, e se formam de maneira desconexa. As vezes, você se lembra de algo pelo fim, e vai pro meio, e continua no meio, e volta pro fim, e vai pro meio de novo, e vai pro começo, e termina no meio. Então, é uma hipótese que faz sentido, ainda mais que ela também é uma questão para o personagem principal, Alex, já que durante o filme quer achar uma maneira de esquecer, de tirar da sua mente o evento traumático que motiva o filme. Para esquecer, ele tenta escrever suas lembranças, repensando e recriando o ocorrido pela escrita. Mas, ao mesmo tempo, o fato dele escrever suas memórias é contado de maneira fragmentada no filme, o que é interessante, porque o processo de escrever faz parte da memória. Durante o presente, e durante esse repensar, existem significados ganhos que interagem com o passado. E o próprio repensar é reapropriado de maneira desconexa.

Minha segunda questão é a atuação do personagem principal. Me pareceu um pouco amadora. Não sei se foi proposital ou não. Mas ela é interessante, quando pensamos na falta de responsabilidade e falta de propósito que movem a existência do Alex. É tenso, quando pensamos que, ele simplesmente fodeu a vida de alguém, acidentalmente, mas fodeu e tem que lidar com isso pro resto da vida. Mas, no fundo, sua relação com o ocorrido é quase de desimportância total pelo que fez com o outro, e mais uma preocupação com não ser pego e simplesmente esquecer para todo o sempre o que ele fez. São preocupações egoístas de certa maneira. É tentar voltar para um estado anterior ao acidente. Ao mesmo tempo, é esse acidente que talvez leve ele a tomar a única atitude responsável do filme, que é terminar com a namorada. Claramente, um relacionamento sem futuro, que mesmo ele não está tão empolgado. Mas continua, por inércia talvez. Numa questão mais pontual, a reação que ela tem quando ele termina o namoro é interessante: ela simplesmente ignora todas as vontades, desejos e motivações dela, para jogar a culpa nele, como se ele a tivesse usado simplesmente para sexo. Quando o sexo era algo que ela claramente queria, motivada, aparentemente, pelo desejo de contar para as amigas. Mas era algo que ela queria, e ela nega esse desejo, nega sua responsabilidade no ato para culpá-lo. Ela simplesmente não reconhece a sua própria motivação nas suas ações. Ou escolhe ignorá-las.

Bom. Essas foram minhas idéias desconexas sobre o filme que eu precisava expor =P.

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