quarta-feira, 20 de abril de 2011

ridiculismo

Quando eu era criança, eu fui um dia, com minha vó, no açougue. O açougue era vermelho, limpo e seco, mas isso porque o dia era frio e tinha muito sol. Esses dias frios de sol são terrivelmente opressivos, sobretudo pela manhã.
O bairro da minha vó era desses bairros estranhos e lentos.
No açougue, eu tinha uns 8/9 anos. Entrou alguém empurrando uma cadeira de rodas, e na cadeira de rodas tinha uma menina que não se mexia. Eu ri e depois chorei. Chorei de medo.
A paralisia cerebral tornou-se a imagem fixa da desgraça humana e a evidência inconsciente da neutralidade de Deus diante das questões humanas contemporâneas.
Minha vó comprou carne moída para fazer croquete. Enquanto minha vó fazia croquete, eu jogava baralho com meu avô na cozinha, e a cozinha era fria, escura, muito grande e acolhedora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário