terça-feira, 28 de junho de 2011

do princípio do vandalismo latente

"um estudo recente feito pela Universidade Nacional, encomendado pela empresa Homero de elevadores, deu conta de que a conservação e a preservação do interior dos elevadores durava mais em prédios e condomínios com porteiros. isso porque o morador não precisa abrir o portão da rua com sua chave, mantendo-a em sua mão até chegar à porta de casa. neste entreato, o elevador é riscado com iniciais, desenhos obscenos ou traços sem nenhum sentido. a conclusão dos pesquisadores indica, então, a existência de um vandalismo. o homem não depredaria uma propriedade de uso coletivo se não tivesse sido gerada a oportunidade de estar com uma chave em mãos enquanto espera o elevador abrir a porta em seu piso. como simples passatempo, surge o que os pesquisadores nomearam "vandalismo latente". apresentadas em congressos internacionais, as discussões sugerem que o homem reprimiu esse vandalismo, que é externalizado em situações de SSO ("solidão social oportuna"), quando foi obrigado pelas transformações sociais e culturais a tolerar o outro. geralmente está presente uma forma de alteridade tosca e mal definida, mas que conserva algum valor e sentido na sociedade atual (por exemplo, no dito "cada um, cada um" e em diversos outros bastante conhecidos), conhecida como "alteridade primitiva". esta entra em conflito com o lado bestial do homem e o torna ansioso diante do diferente. ele suprime o que considera suas falhas, sem saber que elas nunca foram suprimidas, mas reprimidas. quando se crê sozinho, externaliza-as inconscientemente. há casos de moradores que se mataram com as chaves e outros que desenvolveram agorafobia ou múltiplas personalidades após muito tempo sozinhos no elevador. o homem que não compreende o outro não foi feito para viver em sociedade."

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