terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Post-pseudo-biográfico-sem-texto-oculto

Nós sempre nos preocupamos muito com os nomes das cousas. Sempre ficamos um bom tempo a refletir sobre o motivo de usar esse ou aquele termo para nominar algo. Desde criança nós desenvolvemos essa mania ou obsessão, para ser menos mentiroso, de classificar as cousas e nomeá-las; criar categorias, termos que expliquem um comportamento humano que sempre que se repetir receberá o devido nome e nossos sorrisos de saber que não perdemos tempo buscando os termos exatos para nomear aquilo.
Na verdade nossa vida não é feita só de flores. Porque nomeamos não só situações ou eventos mas as cousas que encontramos. É muito comum o "suicidio-social". Quando não conseguimos nos controlar nomeamos de tudo: damos nomes aos grãos de areia que entraram nos nossos olhos, aos cadarços, a formigas que passaram com uma pipoca, aos sapos, às pedras que encontramos e que guardamos no bolso junto com Pedro, Nunes e Mao, os grãos de areia guardados porque aquela cegueira repentina nos fez reparar como é linda esta ou aquela garota. O suicídio vem deste ponto. Esquecemos os nomes dados e quando chegamos em casa e tiramos Pedro, Nunes, Mao e Rita e Eduarda e Maria José, e nos damos conta que temos ali uma antiga conhecida que já não lembramos o nome, o rubor é incontível. Ficamos sem ação e com vergonha de perguntar a alguém o nome da pedra que nos faz lembrar isto ou aquilo, ou aquele momento especial ou a "vida-como-a-morte-enamorada". Até que nos lembrem ou até lembrarmos, a sensação é de incapacidade e seguimos caminhando cabisbaixos até que o tempo nos faça superar a falha ou que nos faça esquecer André ou Chico pela euforia de conhecer Tânia.

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