quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

o sangue já descia pela sarjeta em direção ao bueiro mais próximo..
ele seguia calado a semana toda..a última vez que conversamos ele não parava de falar de vermes.
me contou que um dia caminhava pela rua quando viu um senhor tropeçar na raiz de uma arvore e cair com o rosto no chão. apoiei com as mãos para não ferir o rosto...minhas mãos se cortaram e queimaram no asfalto quente..não foi suficiente. quebrei meu nariz e esfolei boa parte da face direita..sentia um dos olhos sumindo sob o inchaço do tecido organico lastimado. quando ele se levantou escorria do rosto sangue e pendiam vermes das feridas.

outro dia estava no ônibus das 23:00 que seguia para um dos grandes terminais da cidade. disse que nao achava justo sentar-se para dormir pq havia passado o dia sem fazer nada, assistindo filme na casa da namorada, ao passo que ali haviam mtos trabalhadores cansados. comecei a cochilar assim que sentei, embora não quisesse. posterguei a hora de levantar pq já achava que nao ia dormir. acordei um ou dois pontos antes da minha parada, muito convenientemente..os vermes estavam em seu assento, e talvez estiveram em sua boca pq ele sentiu um gosto mto familiar ao despertar..

a garota o amava e ele sabia disso. mas não foi o suficiente para seguralo dois dias mais. quando os bombeiros chegaram o sangue já descia pelos ladrilhos em direção ao ralo mais próximo..

Um comentário:

  1. Esse Zéh marotão... Sempre brincando com a estrutura do texto. Mudanças repentinas de terceira pessoa para primeira pessoa.. Ai que susto!

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