sábado, 5 de junho de 2010

A dor do vazio de propósito da existência em si

Quando eu era criança eu tinha um problema. Esse problema é que sempre que eu enchia de água algum balde, ou algo assim, eu nunca sabia pra que lado fechar a torneira. Então tinha que arriscar. Acontecia, então, que sempre girava a torneira para o lado errado, ou seja, não o que deveria fechá-la, mas o que abria mais. Isso acontecia mesmo tendo sido eu quem havia aberto a torneira quando ela ainda estava fechada. Por alguma razão, eu não percebia que, ao girar do lado errado o volume de água aumentava. Minha mãe sempre diz que eu não percebia porque quando eu nasci caí do berço - acho que é mentira...- De qualquer modo, só me dava conta do erro quando chegava no final e a água continuava saindo. Tivesse eu caído ou não do berço, eu sabia que se a água ainda estivesse saindo quando chegasse o fim, era porque a torneira estava, de fato, aberta. Isso eu sabia, sempre foi assim, nunca soube as coisas por dedução - se bem que nem por repetição, apenas pela constatação empírica, continuamente devendo ser reatualizada. Mas a essa altura o balde geralmente já estava cheio até o fim e o excesso de água já estava caído pelo chão, e isso não tinha nehum problema.

2 comentários:

  1. Agonia hehe. Não só na torneira, mas e para desparafusar algo? Algum aparelho e tal... Também nunca sabia para que lado girar, mesmo que tivesse acabado de soltar ou apertar um parafuso hehe.

    Essa frase é linda:
    "Isso eu sabia, sempre foi assim, nunca soube as coisas por dedução - se bem que nem por repetição, apenas pela constatação empírica, continuamente devendo ser reatualizada. "

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