quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Outra Terça

Acordo sentindo que a vida é uma bosta. Levanto sento no computador e ligo-o. Entro nos mesmos sites para ver se há algo de novo e sinto que a vida é uma bosta novamente. Entro no MSN mas ninguém online as 9 da manhã. Rapidamente opto por assistir Requiem for a Dream, mas antes vou preparar um café da manhã: pão com queijo e leite com nescau. Sou questionado sobre o futuro e embaraçado volto da cozinha para o quarto e começo a ver o filme.
O filme é interessante, apesar de não achar a direção das melhores, nem os atores. Mas o que me chama a atenção é a velha. Sem dúvida a personagem mais interessante do filme. A história inteira dela se limita a viver na sala, isolada, assistindo a TV, aprisonada no sonho de aparecer em um programa de palco para dizer que seu filho é bem sucedido e que ele se casará em breve. Assim, todas as pessoas vão olhar para ela e vão gostar dela. Mas, na verdade, a velha apenas ignora o mundo ao seu redor para sustentar essa ilusão. Essa necessidade desnecessária de estar na TV para ser alguém.
Meu sentimento depressivo em relação a vida se aprofunda após ver o filme. Fico pensando na inexistência e sentindo que tem algo no filme que me tocou profundamente mas não consigo expressar em palavras. Almoço. Converso um pouco no MSN, isso me enche o saco e, sem avisar as pessoas com quem converso começo a desenhar e as ignoro por 1h. Caio na cama e apago. Acordo 1 ou 2h depois. Vou para o computador e sinto como a vida é desesperadora. Não quero fazer nada. Começo a ver o filme 21 gramas.
O filme é interessante, mais pela direção/montagem/narração do que pela história. Converso com o Gustavo no MSN sobre o filme, o que me faz perceber que, tanto 21 gramas como Requiem for a Dream tem uma temática parecida, embora diferente. Em grande parte, a temática do primeiro é a Morte e como continuar vivendo quando ela ocorre. E existem três personagens que se fazem essa questão: Cristina, que se questiona como continuar vivendo ao perder seu marido e duas filhas num acidente; Jack, que se questiona como continuar vivendo sendo o responsável direto pelo acidente; e Paul, que se questiona como continuar vivendo sabendo que só pode continuar vivendo graças ao coração que recebeu do marido de Cristina. Em todos esses casos a razão de viver é questionada. E, no fundo, essa mesma questão aparece em Requiem for a Dream. Todos os personagens possuem um sonho que lhes garante uma razão de viver. Enquanto esse sonho está vivo e possível na mente dos personagens, a história é feliz. Justamente quando as questões materiais (MWHAHAHAHA!) do sonho são destruídas, que a história começa a decair.
E sinto que minha capacidade de análise dos filmes chega ao limite. E isso me deixa mais deprimido. Tenho o sentimento que existe algo nesse meio, algo grande e inteligente, mas que não sou capaz de trazer a luz. E não tenho com quem conversar sobre isso, o que me deprime mais ainda.
Entro no blog para ver se postaram algo e vejo que o poema de Baudelaire continua lá. Meus desenhos se foram. Os deletei no dia anterior após (durante) um belo copo de Uísque. Meu sentimento de destruição estava no limite e eu sentia que precisava sumir com algo. Sumi com os posts. Meus desenhos me deixam deprimidos. Me questiono por que desenho e se vale a pena continuar. Olho para eles e imagino pessoas olhando para eles e é como se essas pessoas estivessem olhando para minha alma e me avaliando. Isso me dá uma sensação de terror. Os deletei. Os três posts inexistentes me fazem pensar na vida desta vez. Penso na velha de novo, e se desenhar não é apenas uma ilusão em vez de um sonho. Qual o limite entre ilusão/sonho? Qual a diferença entre eles? O que caracteriza meu ato de desenhar como mais do que uma ilusão? Desespero. Penso nessas questões. E a resposta que vem na mente é a indiferença talvez. Penso que, para as pessoas, se eu desenho ou não, não faz diferença. Pelo menos para as que estou mais próximo.
Decido que está na hora de parar com emozisse e começo a ler um texto de História da Arte para o único tópico que estou fazendo. Depois da leitura converso mais um pouco no MSN e percebo que é meia-noite. Decido que o dia acabou e vou dormir, para acordar tarde demais e perder a aula de alemão. Puto, me pergunto se vou ou não para o curso de História da Arte.

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