terça-feira, 1 de junho de 2010

patologia

No diagnóstico uma confirmação, algo como "tudo está normal", mas não, não estava nem um pouco perto da normalidade, ou um ou outro, ou eu ou o resto, sem meio termo, algo estava deslocado. Saí correndo pela rua, penso ter atravessado prédios transparentes, em outros subi andares entre os quais não havia escadas, caixotes opacos e vazios e com um ar repugnante que não desgruda do meu olfato. Olhei para uma casa, ela derretia, escorria até meus pés suas partes, abajures, cortinas, janelas, lavatório, sofá, mesa de jantar, televisão, criança, cachorro, o diabo, todos disformes fizeram-me sorrir. Dobrei esquinas e mais esquinas de uma cidade desconhecida na qual vivi uma vida inteira, adentrei por becos de noites mal dormidas, defenestrei postes de luz na tentativa de iluminar algum caminho. Não sabia e continuo sem saber o que fazer. Deixo estar, deixo de ser.

Um comentário:

  1. Parece como um sonho loco. Um sonho de fúria, aonde todas as paixões do narrador gritam contra a realidade em que ele vive. E, ao acordar, só percebe o mundo real, percebe que está no seu quarto, tudo nomral, tudo no lugar. Mas como afirmar que tudo é normal, que tudo é correto depois de um sonho como esse? A pertubação é o evento que transcende o sonho para a vida real. E mesmo que não saiba o que, o narrador sente que algo está errado.

    ResponderExcluir