terça-feira, 26 de outubro de 2010

segunda

Em uma calçada, o menino saltita, muito alegre e sorridente, a sorrir para a mãe que segura sua mão enquanto caminha com ele, com a aparente e passageira felicidade materna. Não, não, não: saltita uma ova! Ele dança... na outra calçada, Casas Bahia, som alto, Justin Bieber. O disfarce das evanescentes alegrias parece-me cada vez mais babaca, ando meio ranzinza, penso enquanto atravesso a rua, abro a mochila, retiro um saco plástico, chumbadas para pesca, ótimo, engulo metade e atiro o restante contra os televisores expostos, balbúrdia, balbúrdia, mas, antes do gerente alcançar a rua com sua cimitarra no intuito sincero de picotar-me, o fogo toma conta da loja, combustão espontânea, geladeiras, celulares, máquinas de lavar roupa, fogões, microondas, secadores de cabelo, funcionários e pedestres próximos, eu incluso, em chamas. Termino de atravessar a rua, a mãe e o menino rumam pelo calçadão até a praça dom epaminondas ou para a rua bispo rodovalho, pessoas comem pastel, decido comprar uma garrafa d'água.
Ao retornar, não há criança-alegre-saltitante, nem ouço a voz de Justin Bieber. Após algumas buzinas, percebo que o som ambiente mudou para Ke$ha. Ainda faltam setenta e cinco minutos para o horário de saída do meu ônibus. Sobra diversão. Cogito saltitar, mas trocam a música, perco a vontade. Continuo andando à toa, tudo em movimento, nada acontece.

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