quarta-feira, 3 de novembro de 2010

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Entrou por não sei onde e encontrou bom pouso no macio azul-desbotado. Não perscrutava, parecia ter superado a necessidade de reconhecer novos territórios, também não temia o mistério do desconhecido. Assim ficou, quieto, leves movimentos, quase imperceptíveis, a contrastar com a aura estática do local. Sentia-se bem, em casa, nova casa, e pensava em como poderia agora encontrar um bom canto, um buraco que fosse, e construir todo um mundo novo, muitas vidas ainda no porvir, alegria, alegria.
De repente, tocam no seu traseiro, um objeto branco interpõe-se no macio azul-desbotado, gentil mas mesmo assim com intenções equivocadas. O equívoco percebido do ponto de vista de Oswaldo, naturalmente. Ele afundou por instantes na incompreensão e quando deu por si o macio azul-desbotado ficou longe, arremessado foi, junto com o objeto branco, para um novo lugar. Fazer o quê?, deveria seguir outro rumo, incerto, com um possível pisão a esperá-lo quando ele menos esperasse. Mas acostumou-se, em sua breve existência, com a abolição da necessidade da espera, do destino, da sorte, inclusive da espera do inesperado, nada disso ocupava seus passos, inabalável certeza de que na sucessão de infortúnios ainda haveria algo de fortuito logo ali.
Surgiu sorrateiro, foi expulso sem julgamento, a procurar outro lugar, com ou sem macio azul-desbotado.

Oswaldo, o Fugaz

2 comentários:

  1. eu sempre soube q uma chinelada bem dada na hora certa poupa uma porção de palavras vãs...
    grrrrrrrrrrrrrr!!!!!!!!!!!!!!!

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