quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Rubens e eu

"odeio quando a bosta borra a louça do vaso de forma que a descarga não consegue remover aquela mancha que amarela a água recém subida da garganta de porcelana". este pensamento, floreado e poético por influência de uma tarde toda de conversa com o Rubens, foi o único daquela noite que escapou ao padrão temático que minha mente insistia em reproduzir. lavando a mão, logo depois de fechar o vaso, eu já pensava no que falara a tarde toda com ele. pra começar, não sei qual de nós dois teve a idéia primeiro: creio que a construimos juntos. o fato é que ele a aceitou como factível mais rápido que eu. "temos quatro anos. quatro anos" foi a frase que me convenceu quando dita pela décima quinta vez, creio. entre todas as discussões sobre se era possível nosso plano, surgiam questões de ordem ética que a nossa moral política nos impunha: "os fins justificam os meios?" me perguntou Rubens, ao que respondi com um sonoro "não", logo acompanhado por um "exato!" não menos enfático. da tarde regada a café, chá e bolachas, tudo o que entendi é que iríamos fazer aquilo. iríamos, depois de quatro anos de duro trabalho, físico e mental, burocrático e discursivo, sabotar pelas vias legais as eleições presidenciais brasileiras. mais de cem milhões de eleitores assitiriam, com olhos incrédulos, à falência de seu grande e caro instrumento democrático.

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